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Relato Pushkar

PUSKAR - DIA D

 

Posso chamar este como o dia “D” em nossa trip, por incrível que pareça este era o décimo dia da viagem pela Índia, em apenas dez dias o quanto já tínhamos vivenciado em seu profundo sentido, já havíamos cruzado seis cidades e admirado seus encantos, mas por outro lado, sobrevivemos a dez dias sofríveis na Índia, as garotas eram as mais afetadas, pois não tinham experiências em viagens anteriores, em ficar tanto tempo longe de casa... E sendo sua primeira viagem ao exterior indo para as caóticas terras indianas. Nesse dia “D” os primeiros sinais de saudade da família, dos amigos, da tradicional vidinha em Sampa comendo arroz e feijão todo dia vinha a tona...

 

Para quem nunca viajou era difícil fazer o número 2 em tantos banheiros diferentes, sendo estes fedorentos e sem privada: havia apenas um buraco no chão...

 

Para quem viaja como forasteiro tupiniquim a privacidade é coisa rara, e, na Índia como a proporção de indianos por metro cúbico é alta, fica difícil estar só... E por mais que sejamos amigos a longos anos, nunca ficamos tanto tempo juntos e tão intensamente... Nossos defeitos, manias vão surgindo e junto o desconforto de se mostrar ao outro... As noites não parecem ser bem dormidas, cada dia uma cama diferente, barulho, iluminação...

 

A negociação que fora tão divertida com os Indianos começa a se tornar cansativa, os dez minutos para acertar o preço se tornou desgastante...

 

Nos hotéis as promessas de ducha com água quente nunca eram cumpridas... Todos esses detalhes causavam uma tensão entre as meninas, que começou aqui no dia “D” e acabou culminando em uma explosão de sentimentos em Varanasi...

 

Eu tentava lidar com essa situação, digo que não era fácil, encarava tudo aquilo como uma diversão, já estava acostumado a vida de forasteiro, por algumas vezes desejava voltar a viajar sozinho, quando conseguia, me sentia novamente livre e mais feliz, mas por outro lado, apesar de toda a tensão era fantástico viajar com os amigos, compartilhar os sentimentos, até mesmo os de dor, encarei aquilo como um desafio, meu pesar era que parecia que as garotas canalizavam todo o pensamento no lado negativo da Índia, que existem, e deixava de aproveitar e de deslumbrar as sua belezas, que são únicas no mundo...

 

A primeira tensão desencadeadora ocorrida no dia “D” foi na estação de trem de Jaipur... O trem sairia às seis da manhã e chegaria às oito horas em Ajmer... Até então tudo corria bem, depois de comprar o cobertor em Jodhpur, estávamos nos acostumando a dormir no trem com aquele barulho, com pessoas pedindo para tirar uma foto nossa, tipo celebridade, os trens saiam e chegavam no horário previsto..

 

No dia “D” as coisas começaram a mudar, o trem chegou às nove horas, mesmo prevendo que isso poderia acontecer ficamos chateados, pelas três horas de atraso, mal imaginávamos o que veria pela frente... Chegamos a Ajmer às onze horas, um tuc-tuc nos levou até um terminal rodoviário da cidade, para pegarmos o ônibus que nos levava a Pushkar, foi complicado encontrar, pois todos os informes estavam em Hindi, o ônibus estava lotado, fomos de pé, esmagados entre os indianos, aqui com cheiro de suor incrível...

 

Atravessamos uma bela estrada em quarenta minutos até chegarmos á cidade de Pushkar, que era incrivelmente bonita, cheia de templos das mais diversas religiões, com a rua principal cheia de vida movida pelo comércio turístico, a galera hippie desfilava com suas roupas exóticas pelas lojinhas, paramos para almoçar em um charmoso restaurante, em que as mesas ficavam dispostas em um gramado cercado por fontes com lótus, um casal de turistas que preferiu a mesa do lado da entrada, viu seu almoço ser devorado por uma vaca que passava, que  lançou sua enorme língua no prato dos desafortunados...

 

Depois de encher a barriga com momo, chapati e lassi de mamão, fomos deslumbrar a cidade, as garotas caíram no golpe do punja, para aumentar a tensão no dia “D”, Miguelito era o único que se divertia em sua plenitude, da ghats ria das garotas em seu ritual junto aos charlatões, também entrava nas ghats proibidas para tirar uma fotinhas...

 

As garotas só conseguiram relaxar quando viram centenas de lojas para fazer compras, alguns macacos brancos espiavam de cima das casas, decidi fazer como eles, subir até um restaurante mirante, uma pausa no dia “D” para apreciar toda a arquitetura da cidade de Brahma, toda branca, pedi um Lassi de limão, as meninas sorvete, levou quase uma hora para chegar...

 

Demos mais algumas voltas pelas ruas da cidade, fomos até o principal templo da cidade, Templo de Brahma, até que resolvemos voltar para Ajmer, na volta conseguimos ir sentados, os ônibus saem de uma em uma hora... Já em Ajmer, próximo à estação, decidimos dar uma volta pela cidade, para comer algo, procuramos, mas infelizmente não encontramos nenhum restaurante interessante, a comida ou o ambiente não parecia confortável, sabe quando você olha para o local e dá medo de comer? Eram aqueles restaurantes de Ajmer: sujos, escuros, estranhos...

 

Na volta o trem também atrasou, chegamos muito tarde ao hostel, e na hora do banho, nada de água quente para completar o dia “D”, deixamos o banho para outro dia...

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 1 DIA (CAMINHANDO PELO CENTRO HISTÓRICO);

 

COMO CHEGUEI: TREM DE JAIPUR (4HS) ATÉ AJMER E DEPOIS ÔNIBUS (1H) ATÉ PUSHKAR;

 

ONDE FIQUEI: HOSPEDADO EM JAIPUR;

 

O QUE COMI: COMIDA INDIANA;

 

COMO ME LOCOMOVI: A PÉ PELA CIDADE;

 

PRA ONDE FUI: VOLTEI PRA JAIPUR;

roteiro nogal india

Roteiro Expedição Índia - Nepal

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