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Relato Jaipur

1º DIA NA CIDADE ROSADA

Ao descer na estação de Jaipur, toda a loucura de Delhi voltou à tona, pegamos um tuc-tuc em que o motorista nos indicou um hostel, que não fica nem perto, nem longe do centro, não era nem caro, nem barato, na verdade isso não me preocupava, pois as atrações da cidade eram distantes.

 

Atravessar a cidade cor de rosa até o hostel foi aquele caos, pior do que vimos no Paharganj, pois em Delhi era um bairro, em Jaipur era por toda a cidade.

 

Deixamos as malas no hotel e logo partimos em outro tuc-tuc rumo ao Amber Fort, novamente atravessamos a cidade alucinante, entre barulhos de buzinas e vacas. Chegando, decidimos almoçar em um restaurante do lado da entrada do forte, foi a chance de experimentarmos a samosa feita aqui na Índia, provei um prato indiano chamado ‘Dosa’, uma massa de lentilhas e arroz com queijo e temperos indianos, confesso que não gostei muito, enquanto apreciava as especiarias indianas, Ady já fazia novos contatos: uma indianazinha curiosa, que queria descobrir o mundo além da Índia, seu pai era dono de uma empresa de produtos químicos, logo ficamos amigos e voltamos a nos encontrar dentro do Amber Fort, ele nos pagou um café, nos deu um cartão do seu hotel, pediu para ligarmos para que fossemos jantar juntos.

 

Quando entramos no Amber Fort, descobrimos mais uma imensa construção feita pelas marajás, era de se maravilhar pelos ricos detalhes em várias salas, janelas, escadarias e jardins dentro do forte.

 

Miguelito se divertia com tantas janelas. Infelizmente chegamos tarde demais para subirmos o forte na lomba de um elefante, fomos a pé mesmo, apreciando a paisagem, achamos uma passagem para uma gruta sinistra, onde antigamente eram feitos os rituais, em que ofereciam seres humanos como oferenda...

 

O local também tinha serpentes, pessoas engraçadas, que nos rendeu maravilhosas fotos, no retorno ao hostel pedimos ao motorista do tuc-tuc que parasse por alguns minutos para apreciarmos o Jah Mahal, ele não gostou muito, mas parou rapidamente o tuc-tuc próximo ao lago. Mesmo mostrando o cartão com o endereço do hostel, o motorista não sabia onde ficava, pedia informação a vários motoristas... Pensava, mexia no bigode e cada um apontava um lado, rodamos, rodamos, rodamos, começava a escurecer em Jaipur, até que eu, comecei a indicar o caminho, no meu primeiro dia na cidade de Jaipur ajudei o motorista a chegar ao Guest House... Coisas da Índia!

 

Deixei as garotas no hostel e fui comprar produtos de higiene, diga de passagem que papel higiênico é um produto muito caro e de péssima qualidade na Índia, sem contar na dificuldade para encontrá-lo em Jaipur, acho que quanto maior é a cidade indiana, mais complicado se torna para achar as coisas, pela manhã, tinha sido outra novela mexicana encontrar a casa de câmbio e a internet, andávamos muito por nada! Comprei refrigerante, algumas samosas e pakora para viagem, já era tarde e parecia que o caos silenciava... Hora de dormir.

 

 

ENTRE ANOS

 

Era o último dia do ano de 2008, acredito que foi o primeiro dia da expedição, que dormimos até tarde, sabe como é, muita coisa pra se ver, então acordávamos bem cedo para aproveitar o dia, desta vez foi diferente, depois do dia “D”, de dez dias de viagem, o animo não era mais o mesmo e outro fator que foi crucial: não gostamos da cidade de Jaipur, talvez devido ao impacto de chegar à cidade e a lembrança traumática do caos do Paharganj causaram uma empatia pela cidade, então depois de muita preguiça criamos forças para a próxima negociação de tuc-tuc até o templo de Galta, pelo mapa ele não parecia tão longe...

 

Propor as garotas caminhar até lá não era uma boa ideia, cruzamos toda a via principal da cidade até o último portal cor-de-rosa, que dava acesso a uma imensa montanha, o motorista disse: “Chegamos. Daqui vocês devem seguir a pé até o templo!” do lado do portal alguns vendedores nos ofereceu pacotes de amendoim, cada um de nós comprou um pacote, para o ritual a Hanumam, os oferecendo aos macacos símios da região como oferenda, por incrível que pareça tudo parecia calmo naquele local, parece que todo o caos de Jaipur tinha ficado pra trás.

 

Logo que começamos a subir a montanha, um bando de macacos começou a vir em nossa direção, alguns eram enormes, mas ficava atento com os menores, por serem mais ligeiros, para fazer graça alguns balançavam as árvores. Filhotes tiravam as pulgas da mãe...

 

Abrimos o pacote de amendoim e começamos dá-los aos macacos, os maiores empurravam brutalmente os menores para receber a oferenda, outros tentando ser mais espertinhos, tentavam ganhar duas vezes. A Ady ao dar um amendoim deixou a mostra o enorme pacote, o que acabou ocasionando no primeiro grande furto da trip, um macaco ligeiro sem que ela percebesse, veio por trás e rapidamente tomou seu pacote inteiro, lá se foram suas oferendas...

 

Das poucas pessoas que subiam a montanha, um gringo deixou a mostra um pacote de amendoim em sua mochila, como uma gangue, vários macacos pularam em sua bolsa, o homem desesperado tentava espantá-los, mas só conseguiu quando todos os amendoins foram saqueados!

 

No topo da montanha, em alguns casebres, Sadhus realizavam seus cânticos e lá de cima tínhamos uma vista deslumbrante do templo de Galta, esculpido entre as rochas, teríamos que descer a montanha para chegar lá, mas o caminho era maravilhoso, natureza, calmaria e muitos macacos! Tinha também uma cachorra amamentando seus filhotes, as mulheres lavavam suas roupas em um dique, dentro dos templos estátuas enormes de Ganesh, em outra salinha notei várias estátuas de deuses empilhados, tinha até uma declaração de amor em hindi...

 

O templo de Galta foi uma grata surpresa, o melhor que tínhamos presenciado em Jaipur, depois de visitar o templo, em estado de êxtase voltamos para o centro da cidade rosada, procuramos algum lugar para comer, mas estava difícil encontrar, nenhum dos restaurantes nos agradava, demos uma olhada no Palácio dos Ventos, mas por algum motivo de força maior, não nos sentimos a vontade para tirar fotos, nem motivados, decidimos pagar um pouco mais e comer em um restaurante turístico dentro do City Palace...

 

Comemos um delicioso kabab apimentado ao som de Do Le fá, em que um indiano dançando girava a cabeça e os olhos em 360 graus, o que me fez lembrar o filme do exorcista. Passamos o restante da tarde visitando o City Palace, quando os vendedores descobriam que éramos brasileiros, vinham com a foto da Juliana Paes, que a poucas semanas atrás com outros atores brasileiros começaram a filmar no City Palace a novela das nove.

 

Não sei por que o City Palace não me encantou, talvez aquela história da empatia pela cidade rosada, talvez por ter se tornado simplória, devido a tantas outras belezas arquitetônicas que vimos anteriormente, o fato era que somente Miguelito se divertia tirando fotos no local.

 

À noite finalmente deixávamos Jaipur, e sentia um pouco de ansiedade, o que esperar de Agra: Uma cidade parecida com Jaipur ou com Jaisalmer? Aguardar para ver...

 

Quando fiz as reservas dos trens do Brasil pela net, por ser uma data complicada e não conseguir vaga na classe Sleeper, fiz a reserva na 1ª classe... Esta tem maior espaço para deitar, ao invés de três, duas camas por lado, tinha cobertor, travesseiro, ventilador e serviço de bordo, a janela era lacrada, não fazia barulho e uma cortininha azul trazia certa privacidade ao viajante...

 

O trem seguia em sua cadência harmoniosa, eu usei meu Ipode naquela noite, era a virada do ano, nosso réveillon foi escutando música na serpente azul, não ouve queima de fogos, ninguém vestido de branco, nenhuma contagem regressiva, apenas o som de Tim Maia, que por coincidência fora gravada em uma noite de réveillon...

 

Não via aquela noite com pesar, nem tristeza, só pensava no fato, no estranho ano novo que me metera, pensava que tudo valera a pena, pois tive o privilégio de estar no templo dos macacos e agora no primeiro dia do ano, terei a grande honra de conhecer o Taj Mahal... Cantei: “Feliz ano novo!”

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (TEMPLO DE GALTA E AMBER FORT);

 

COMO CHEGUEI: TREM NOTURNO DE BIKANER - RAILWAYS -;

 

ONDE FIQUEI: HOSTAL SANGAM;

 

O QUE COMI: COMIDA INDIANA;

 

COMO ME LOCOMOVI: DE TUCTUC PELA CIDADE;

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI TREM NOTURNO PRA AGRA;

roteiro nogal india

Roteiro Expedição Índia - Nepal

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