Relato Kollan
DA TRAVESSIA PELO RIO DE ALLAPPUZHA
Tem coisas que são inesquecíveis, que valem a pena o esforço para se chegar... A travessia de barco no Backewater de Kollam a Allappuzha foi um desses grandes momentos da expedição, que agora faz parte da minha realidade, da recente lembrança...
O barco circundando os vilarejos cercados de coqueiros, as mulheres lavando as roupas no rio, senhores em antiga canoas pescando à moda antiga. O antigo sistema de pesca chinês, que aqui ainda é utilizado pelos nativos.
A água, que de tão cristalina, era possível ver uma espécie de alga-marinha gigante passando rente ao barco; uma não, mas várias.
E para dissipar o silêncio, ao fundo se ouvia o cantar, o entoar de uma oração de alguma mesquita escondida entre coqueiros, por incrível que pareça, há muitos muçulmanos no estado de Kerala, entretanto rapidamente o silêncio chegava.
Tinha momentos em que apenas um filete de areia separava a água verde do rio da água azul do mar, e por esse filete vinham as crianças correndo, acenando.
Havia momentos em que passávamos por uma constelação de lótus aflorando do rio, ou víamos entre os coqueiros mulheres com sares coloridos passeando com seus guarda-sóis; em alguns momentos, uns barcos-casas, parecidos com caravelas, passavam por nós.
O céu azul sem nuvens iluminava e refletia nas águas do rio, o reflexo da vegetação tropical que margeava o rio. Algumas gaivotas faziam grandes mergulhos, molhando o peito para se refrescar.
E para fechar a trip com chave de ouro, o sol alaranjado, que só quem foi pra Índia sabe como é, foi se escondendo atrás dos coqueiros, brindando o final do dia inesquecível no sul indiano...
FINALES
Depois de ter conhecido a parte histórica de Kochi, comprado algumas especiarias para levar para os amigos em Sampa, pegamos a balsa para retornar para Ernakulam, me despedi do amigo Espanhol que rodava o mundo sem uma máquina fotográfica, o que são os recuerdos afinal?
O calor no estado de Kerala era elevado, a noite, tentava conversar com o recepcionista do hotel, na varanda, mas fui vencido pelos pernilongos, de volta ao quarto tentei tomar um banho para refrescar, mas faltava água no estabelecimento; dormi nu debaixo do fraco e barulhento ventilador embutido no teto, escondido dentro do mosquiteiro é claro, mas não tive uma agradável noite de sono, tive pesadelos, acordava a cada duas horas, era minha última noite na Índia.
Estava preocupado, não podia perder o voo para Delhi, o aeroporto é distante, cerca de 50 quilômetros do centro, cem contar que tinha apenas 120 rúpias no bolso, era o que me restava para comer e pegar o táxi no último dia da expedição, devido a angustia noturna, decidi sair com cinco horas de antecedência, às cinco da manhã já estava pronto com a mochila nas costas, em busca de um táxi, mas aqueles que mais me importunaram durante toda a viagem, não encontrava naquela hora da manhã, fui caminhando até a estação de trem de Ernakulam, pois sabia que lá com certeza encontraria um táxi, não ficava próxima a pousada e a mochila, após 60 dias de trip havia multiplicado o peso, o suor escorria pela face, só encontrei o táxi na estação ferroviária, o típico embaixador branco, perguntei ao velho motorista o preço da jornada: “90 rúpias!” primeiro alívio, o dinheiro daria...
O percurso até o aeroporto durou cerca de uma hora, como não tinha troco, dei 100 rúpias para o motorista, que se ajoelhou em minha frente, me agradecendo e rezando ao mesmo tempo, peguei a mochila e cheguei para o embarque, então uma nova informação me pegou de surpresa: o horário do voo tinha sido antecipado em três horas, faltavam menos de trinta minutos para a decolagem, foi uma correria, mas logo estava eu finalmente em uma das poltrona do Air Índia, agradecendo aos deuses indianos pela sorte em ter antecipado minha ida ao aeroporto. As aeromoças fantasiadas de pimenta vinham oferecer seus produtos, assim funcionava o serviço de bordo, um lanche e um refrigerante dentro do avião custava quase 100 rúpias, era melhor esperar o vinho chileno gratuito no próximo voo da KLM para o Brasil, chegando em Delhi, depois de quase duas horas fomos transferidos para o setor internacional do aeroporto Indira Gandhi, mas por incrível que pareça eu não podia entrar na área de embarque do aeroporto até duas horas antes do voo, o meu sairia as 22 horas, era 14 horas! Fui levado para um setor de espera ao lado, onde fui obrigado pagar 10 dólares para entrar! Fiquei indignado com aquilo, pelo valor, por não poder entrar no aeroporto e não ter outra escolha, diríamos que o lado de fora era sinistro... Assim foi minha conturbada despedida da Índia rumo ao Brasil...
Marcelo Nogal



A MISSA DO MOCHILEIRO
QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (ATRAVESSANDO DE BARCO O CANAL DE ALLEPEY) ;
COMO CHEGUEI: ÔNIBUS NOTURNO DE MADURAI DEPOIS CRUZEI DE BARCO DE KOLLAN ATE COCHI;
ONDE FIQUEI: HOSTAL NO CENTRO DE KOLLAN;
OBS. (NA MAIORIA DAS VIAGENS QUE FIZ NÃO RESERVEI HOTEL - GERALMENTE FICO NOS MAIS BARATOS, QUE NÃO TEM NOME, NEM SITE NA INTERNET)
O QUE COMI: COMIDA INDIANA;
COMO ME LOCOMOVI: A PÉ PELA CIDADE;
PRA ONDE FUI: EM COCHI PEGUEI UM VOO PRA DELHI - SPICEJET -;
