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Relato Sorata

DESCONHECIDA SORATA

 

Essa é uma história engraçada (A noite que senti mais medo na minha vida)... Quando estive na Bolívia, fui para a cidade de Sorata, que por não ser modinha nas redes sociais é pouco visitada por brasileiros... Sorata é um pequeno vilarejo cravado no meio da Cordilheira dos Andes, com várias possibilidades de trekking. É um vilarejo construído pelos alemães, que abandonou o local após a segunda guerra mundial... Segundo a lenda é único lugar da Bolívia que é possível encontrar uma chola de olhos verdes!

    A jornada começa em La Paz, numa van que sai das proximidades do cemitério, dentro da van nada de turistas, só nativos: cholas e cholos e nós os “Chulos”! O Percurso leva cerca de 3 horas, circundando a cordilheira real, e, de repente a estrada muda, agora de terra numa descida vertiginosa. Sinuosa e estreita a estrada margeia o abismo, rapidamente entramos num vale nublado, quase sempre esqueço que na Bolívia estou acima das nuvens, e, agora a atravessava. A decida é intensa, dos quatro mil metros chegamos drasticamente em meia hora aos 2 mil metros, e lá no meio de um buraco, entre as cordilheiras dos Andes, num local com um clima mais ameno, de paisagem verde, avistava o vilarejo, o rio bem lá no fundo circundava as montanhas, a estrada agora lamacenta dificultava a locomoção, tivemos que descer da Minivan, atravessar o atoleiro a pé e subir no coletivo do outro lado da montanha... Assim chegamos à Sorata, sujos no desconhecido...

O vilarejo é semelhante a São Tomé das letras, alguns gringos, vêm pra cá curtir “paz e amor!” mais paz do que amor...

Partindo da cidade há várias trilhas lamacentas que levam a lagunas, gruta, rios, cachoeiras, picos de montanhas. A parte central da cidade é composta por casarões de 1800, numa época em que os Alemães vinham explorar as selvas Latino Americanas em busca de ouro, achavam que a mítica cidade de Eldorado ficava nas proximidades, se estabeleceram no local, o ouro achado na selva era vendidos em La Paz, ou se cruzava o Lago Titicaca em embarcações de totora e depois todo tesouro era levado para Europa...

Quando chegamos praticamente todos os hostels do vilarejo estavam lotados! Só restou pesquisar uma antiga e imensa casa colonial caindo aos pedaços... Por incrível que pareça lá tinha vaga, e custava menos de 25 reais a diária... Aquele lugar me causava calafrio: aquela mobilha antiga empoeirada, um silêncio absurdo na recepção, eu escutava o ranger do chão de madeira em cada passo que dava, do lado da recepção uma velhinha balangando numa cadeira de balança me encarava silenciosamente com um olhar sinistro! O Recepcionista também era sombrio... Me sentia dentro de um filme de terror, estava me cagando de medo, mas não tinha escolha, era dormir ali ou na praça congelante no meio dos Andes! Por ser uma casa colonial o meu quarto era enorme, o teto com vigas enormes cobertas de teias de aranha fugiam dos olhos... No quarto tinha até um berço... Rapidamente lembrei-me do filme “A mão que balança o berço!” e veio aquele arrepio na espinha...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tudo era sinistro, nos cantos das paredes tinha uma garrafa de cerveja com uma vela e algumas moedas jogadas ao chão... A marca de cerveja era “Judas”... Me arrepiei todo quando vi! Logo pensei que seria capturado a noite para um ritual macabro! Quando me deitei na cama apavorado, logo descobri que tinha um quadro, um auto retrato de uma mulher! Parecia que aquela mulher olhava pra mim... Pra qualquer canto do quarto que fosse, lá estava a maldita mulher me olhando! Pensa se eu consegui dormir essa noite? Cada estalada do vento na madeira da janela eu me escondia debaixo do cobertor esperando o pior... Quando o dia raiou, eu respirei aliviado e sai o mais rápido possível daquele hotel, nem café eu quis tomar!

    Caminhando por uma das trilhas tentei tirar uma foto das cordilheiras, mas tudo era muito verde e azul... Eu precisava deixar a foto mais colorida, precisava de uma cor quente para dar um toque poético ao meu registro, foi dai que inocentemente aconteceu o momento Eureka da viagem, olhei para os pés, e pensei “É isso! Composição perfeita...” Eis que surge o All Star vermelho na história deste viajante... No futuro essa virá a ser a foto escolhida como tema para minha primeira exposição fotográfica por uma comissão de SP...

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (FAZENDO AS TRILHAS AO REDOR DA CIDADE)

 

COMO CHEGUEI: PEGUEI OS MICROS QUE SAEM DO CEMITÉRIO DE LA PAZ (QDO ENCHE) 7 HORAS DE VIAGEM;

 

ONDE FIQUEI:  O HOSTEL FICA NUM CASARÃO VELHO DO LADO DA PRAÇA DA CIDADE; PAGUEI 20 REAIS;

OBS. (NA MAIORIA DAS VIAGENS QUE FIZ NÃO RESERVEI HOTEL - GERALMENTE FICO NOS MAIS BARATOS, QUE NÃO TEM NOME, NEM SITE NA INTERNET)

 

O QUE COMI: COMI NUM RESTAURANTE DO LADO DA PRAÇA; UNS 15 REAIS A REFEIÇÃO;

 

COMO ME LOCOMOVI: A PÉ! SÓ DE TÁXI É POSSÍVEL CHEGAR NAS MONTANHAS NEVADAS;

 

PRA ONDE FUI: TEMOS QUE VOLTAR PRA LA PAZ;

 

DICAS: TOME UMA CERVEJA JUDAS;

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