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"TREM DE LA MUERTE"

 

Do outro lado da fronteira, taxistas nos esperavam para nos levar até o centro de Quijarro, fui caminhando mesmo, uns quarenta minutos até a estação, com a invasão brasileira de viajantes pela Bolívia, a taxa do câmbio tornou-se alta e é igual em qualquer lugar, em Quijarro tínhamos duas possibilidades de seguir para Santa Cruz: a primeira pelo trem de La Muerte, ultimamente não se consegue passagem para o mesmo dia em Dezembro e Janeiro. A segunda de Ônibus que saem de um galpão que eles chamam de rodoviária, é a opção mais barata, tem ônibus a cada duas horas, mas é uma viagem mais hardcore, se é que me entendem: Estrada de terra, motorista bêbado, ônibus precários... Vale a aventura?

 

Mas sempre espere até às 13hs quando abrem as guaritas para as vendas de passagem de trem, não confie nos taxistas, pois eles ganham comissão das companhias de bus, vão sempre dizer que o trem está lotado. Tanto o ônibus como o trem chegam no mesmo horário em Santa Cruz.

 

Enquanto você espera as guaritas abrirem, vale a pena conhecer a zona livre de Quijarro, pra já sair comprando e gastando todo seu dinheiro... Talvez uma tequila para turbinar a viagem até Santa Cruz seja suficiente...

 

No trem que ninguém morre, pode se observar o El Chaco boliviano, observar a comunidade menonita circulando pelo trem (comunidade que fala sua própria língua, não utilizam a moeda boliviana e produzem suas próprias roupas, que lembram muito o figurino dos filmes de velho oeste americano) ou arriscar ir até a pior classe do trem, mas cuidado com o choque cultural que irá sofrer, prepare-se para encontrar pessoas muito humildes viajando em situações quase desumanas, que vão se sentir muito incomodados com sua presença no local...

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Em cada estação que o trem de La Muerte para entram centenas de crianças vendendo de tudo, principalmente “Limonada”...

 

O trem para pela primeira vez nas alturas da madrugada para o jantar em uma estação indefinida, aquilo é uma loucura: sopas, carnes, batata...

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Marcelo Nogal