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Relato Bikaner

RESUMÃO BIKANER

 

Ontem tive uma das maiores experiências filosóficas e religiosas até então da minha vida, visitamos o Templo dos Ratos nas proximidades de Bikaner, quer dizer, eu e a Meire tivemos coragem de andar descalços, no meio de milhares de ratazanas que tomavam seu leitinho diário, enquanto fervorosos hinduístas cantavam em transe em uma salinha, os ratos caiam das paredes, dos buracos... Os gordos entupiam, alguns mortos ficavam por ali, ia filmando tudo freneticamente, sentindo a grande força espiritual daquele templo, as pessoas caminhando jogando flores amarelas pelos corredores cheios de ratos, orando beijavam a estreita parede vermelha, os ratos iam e voltavam, alguns batiam na minha perna, era estranho, pois não sentia medo, muito menos repugno, não pareciam nojento ou ameaçadores... Cheguei a tocar nos animais sagrados, fazer carinho em uma ratazana... Que loucura! Lavei a mão rapidamente e segui tirando várias fotografias...”

 

 

DOS RATOS SAGRADOS

 

Chegamos por volta das oito horas na estação de Bikaner, a cidade é pequena, uma variedade de pousadas ficam próximas à estação, fomos buscar um novo lar a pé, com motoristas de tuc-tuc nos infernizando, tem que ter muita paciência para viajar pela índia!

 

No primeiro hotel, um recepcionista mal educado se negou a falar conosco, talvez por sermos estrangeiros, não sei ao certo, fomos a outro, novamente péssima recepção, neste insisti, o atendente se irritou comigo, disse: “Tudo bem!” e continuamos nossa busca, até chegarmos ao hotel Kammal, foi o melhor que ficamos em toda a trip, o dono foi bem atencioso... Banheiro com hidro e o melhor: água quente e TV a cabo... Isso não podia ser a Índia!

 

Estava ansioso, queria visitar logo o famoso templo de Karni Mata, mais conhecido como templo dos ratos, se minha intenção era ver algo exótico, esse seria o dia, o único que ficaríamos por aqui, pois à noite já partiríamos para Ajmer... Então o dia seria corrido.

 

O templo dos ratos fica em uma cidade próxima a Bikaner, tínhamos que pegar um ônibus para Deshnok, seria a primeira vez que nos arriscaríamos em outro meio de transporte que não fosse trem e sem reserva, diria que não foi fácil, perguntava para as pessoas qual ônibus ia para Deshnok, mas ninguém entendia o nome da cidade que eu pronunciava, quando disse: “rats temple!” foi mais fácil, nos indicaram um ônibus, um branco caindo aos pedaços, subimos, estava lotado, sentavam cinco pessoas em um assento, o percurso durou cerca de uma hora, até que o cobrador, gritou: “Rats Down, Down!” apontando uma enorme placa que informava, que o templo ficava ali, descemos, mas aonde estava o templo?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Só a placa e pouca sinalização, tivemos que andar algumas quadras até chegar ao local desejado, as ruas do vilarejo eram de terra, muita miséria, pessoas sujas, a estação de trem parecia estar abandonada, tudo se movia em torno do templo. Chegamos, a Ady não quis entrar, ficou cuidando de nossas botas, não queríamos pagar para guardá-las e não se podia entrar calçado no templo!

 

O que sentia no templo era inexplicável, ver aquela calorosa devoção hindu! Várias pessoas em uma minúscula sala oravam e tocavam um sino, se amontoavam em uma enorme fila para reverenciar a deusa Karni Mata, do lado do cubículo um corredor empestado de ratos se esbaldando com fartas comidas, bem que procurei um branco, mas não encontrei!

 

Alguns turistas esbabacados olhavam atentos a tudo, eu empolgado ia filmando o ritual, detalhe por detalhe, que imagens estava levando para o Brasil! (infelizmente as imagens gravadas em Bikaner foram todas perdidas) quase não respirava, me engalfinhava no meio dos ratos, no meio das pessoas que beijavam uma parede de cor esmeralda em um estreito corredor...

 

 Alguns homens tocavam seus instrumentos musicais, outros rezavam, enquanto os ratos barrigudos se empanturravam de leite em enormes bacias, outros saiam dos buracos, subiam em cima do Ganesh ou de outras imagens sagradas... Alguns ratos caiam do teto em minha cabeça, outros subiam no meu pé, outros barrigudos ficavam entalados no buraco, quando morriam a carniça ali mesmo apodrecia e ninguém as tirava! Algumas pessoas bebiam leite junto com os ratos, uns, inclusive eu, o forasteiro tupiniquim, passava a mão na cabeçinha do rato para ter sorte durante a viagem!

 

Saímos do templo, e, rapidamente tirei a meia e a joguei no lixo, tinha levado uma reserva... Ainda emocionado voltei para Bikaner, a volta foi fácil e sabe que toda essa história de rato me deu uma fome!

 

Dessa vez visitamos um restaurante islâmico, onde provamos um delicioso Kebab e pra fechar com chave de ouro na sobremesa provei um Gulab Jammu, o primeiro docinho cremoso na índia...

 

Valeu a pena, andamos um pouco pela cidade, mas a cidade tinha pouco a oferecer, voltamos para o hotel e descansamos o restante do dia, nos divertíamos com a TV indiana, o jornalismo sensacionalista, os filmes de Bollywood, as danças, as propagandas comerciais, que eram surreais, vendo a realidade indiana, onde estavam aquelas garotas bonitas mostradas na TV? Tinha muitos canais religiosos também...

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 1 DIA (CONHECER O TEMPLO DOS RATOS);

 

COMO CHEGUEI: TREM NOTURNO DE JAISALMER - RAILWAY - E DE BIKANER UM ÔNIBUS (2HS) ATÉ O TEMPLO DOS RATOS ;

 

ONDE FIQUEI: DEIXEI A MOCHILA NO GUARDA VOLUME DA ESTAÇÃO;

 

O QUE COMI: COMIDA INDIANA;

 

COMO ME LOCOMOVI: A PÉ;

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI UM TREM NOTURNO PRA JAIPUR;

roteiro nogal india

Roteiro Expedição Índia - Nepal

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