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Relato Agra

DA MORTE DE MIGUELITO

 

Depois de alguns dias ao reler o meu relato de Agra, percebia como também estava contaminado, dês do dia “D” pela intolerância... Em Agra existem três grandes estações de trem, cada qual segue para seus destinos... Chegamos por Agra Fort, pedimos que o motorista nos deixasse em um hostel barato na cidade e que tivesse água quente, o tuc-tuc cruzou a avenida, que dava de frente para as grandes muralhas alaranjadas do Fort, a cidade tinha recebido uma grande influência britânica, como em Delhi, as ruas eram largas e com grande rotatórias, fazendo o trânsito fluir... Chegamos ao hostel, fomos até o quarto e a primeira coisa a fazer foi ligar o chuveiro, milagrosamente a água estava quente, íamos ficar lá!

 

Demos algumas voltinhas nas proximidades do Hostel e logo percebemos que tudo ficava muito distante, um tuc-tuc nos guiou até o Taj Mahal, foi difícil para o motorista entender onde queríamos ir, a forma que eles pronunciavam as palavras “Taj” e “Mahal” era completamente diferente da nossa pronuncia.

 

Depois de cruzarmos toda a cidade, chegamos à entrada do grande monumento, uma das sete maravilhas do mundo, confesso que estava ansioso para vê-la, da entrada para o portão de acesso havia um longo corredor no meio de um parque, procurava o Taj Mahal, mas não o encontrava, como podia ser? Nas imagens, que via pela internet o mausoléu era tão imenso, como não conseguia vê-lo? Mas no final do corredor uma imensa fila cruzava o parque em sentido oposto, não conseguia enxergar o fim, procurava o guichê para comprar o ingresso, que não era barato, mas não encontrava nenhuma placa informando onde era o local, até que encontrei um monte de indianos se estapeando do lado de uma janelinha... Era ali!

 

Mas antes de desanimar um indiano com um terno branco me puxou pelos braços e disse que para estrangeiros era na outra janelinha, a que não tinha ninguém... Os indianos pagavam cerca de um dólar para entrar e nós gringo cinquenta, após comprar o tão cobiçado ingresso, fui até o portão de acesso, de cada lado do portão um guarda ficava sentado com uma madeira na mão e falando ao microfone em hindi, ao chegar perto dele, o guarda tentou me bater com a madeira e aos gritos me mandou para o final da fila masculina e as mulheres idem, andei, andei, andei até chegar ao final da fila... Acho que vou passar mais de uma hora para entrar naquele sitio!

 

Nesse momento de ociosidade observava os casais homossexuais abraçados, aqui parece não haver tanto preconceito como nos países ocidentais, eu acho. Via os indianos se alimentar com as comidas nojentas que eram servidas pelos vendedores ambulantes, que não passavam de cinco rupias, muitos indianos simulavam que iam atravessar a fila, mas no meio do caminho entravam na minha frente e não saiam mais, tentava reclamar, mas agora eles fingiam que nada entendiam de inglês, tentava chamar os guardas de controle, mas estes não davam nem bola, talvez tivesse escolhido o dia errado para ir ao Taj Mahal, não sei ao certo.

 

Finalmente chegou o momento de entrar, uma forte revista foi feita, momento este que os policiais implicaram com Miguelito, achando que o boneco era uma bomba, dizia que não, mas os guardas foram irreversíveis “Miguelito não entra!” foi um momento difícil, ou deixava de entrar e conhecer a 7ª maravilha do mundo e salvava Miguelito, ou entrava e nunca mais o veria...

 

Entrei, dando adeus a Miguelito... Aquilo me abateu, ao entrar expliquei as garotas o que aconteceu e a minha atitude canalha... Todos ficaram aborrecidos com a situação...  Digo que ao entrar e ver o magnífico mausoléu não me causou grande impacto, estava chateado, não tinha vontade de tirar fotos... Aquilo parecia um imenso formigueiro, os indianos lotavam aquele sitio, tirei o sapato coloquei dentro na mochila vermelha, não quis levá-lo ao guarda-volumes e caminhei ao redor do Taj Mahal.

 

Um enorme rio cruzava o local, talvez fosse o Yamuna, e lá no fundo do outro lado, muitas pessoas tiravam fotos da mesquita, das muralhas e do mausoléu, para entrar dentro do Taj e ver a tumba do megalomaníaco Shah Jahan e sua amada foi outra novela, quer dizer fila indiana, os indianos furavam a fila, poucos policiais tentavam controlar algo que parecia incontrolável, as placas dentro do Taj indicando a proibição de tirar fotos eram ignoradas, um pequeno santuário cheio de rupias era invadido, o guarda batia e tentava tirar o individuo dali, enquanto o mesmo aos bofetões ia pegando as rupias o quanto podia. Depois de visitar o túmulo, decidi sentar por ali, e ficar admirando aquela obra e realmente me dei conta que o Taj Mahal era magnífico, que apesar da caótica administração valia a visita e que talvez naquele dia não tivera tanta sorte... Para me despedir, toquei pela última vez na pedra de marfim do Taj... Agora Mausoléu de Miguelito!

 

BARBEIROS E ANTIGOS FANTASMAS

 

Na noite passada encontramos um bairro nobre da cidade, interessantíssimo, com restaurantes, parques de diversão e internet, lá enquanto a Meire comia a sopinha dela, eu saboreava meu lassi de morango...

 

O engraçado era que a cada trinta minutos um apagão tomava conta da cidade... Logo pela manhã pegamos um tuc-tuc até o terminal rodoviário da cidade, onde partia ônibus para a cidade fantasma de Fathpur Sikri, que graças ao turismo, um vilarejo foi criado ao redor das ruínas. Em menos de uma hora chegamos a Fathpur...

 

O vilarejo era encantador, subimos por vielas e túmulos islâmicos até chegar à parte alta, que dava acesso a uma mesquita e as ruínas, paramos para tirar algumas fotos nas escadarias da mesquita... Em um breve momento de distração, um bode abocanhou o lanche da Ady, coitadinha, ficou sem o café da manhã... Depois dos bodes vieram os vendedores de joias, disse que não queria e entramos na mesquita, ele nos seguia, tentava tirar fotos, curtir o local e lá estava ele falando em meu ouvido, contei até dez e disse: “não” novamente... Continuava andando pelas tumbas dos marajás repletos de flores e o vendedor falando em meu ouvido, contei até dez de novo e disse mais uns dez nãos em sequência...

Continuei andando pelos corredores da mesquita e o vendedor continuava falando em meu ouvido, dessa vez não consegui contar até dez, nem até três, bem irritado, ‘bem’ quer dizer muito, muito mesmo! Comecei a esbravejar, xingar o vendedor em uma mistura de línguas: português, inglês, espanhol... Aquele vendedor tinha me tirado do sério, as meninas assustadas pediram que me acalmasse, depois do momento de fúria o vendedor entendeu que eu não queria comprar nada e partiu silenciosamente, mas depois de cinco minutos, lá estavam outros vendedores de joias ao nosso redor, infelizmente não conseguia ficar mais nenhum minuto naquela mesquita, sai de lá com as garotas, com uma sensação de nada ter aproveitado, descemos uma rua de terra que dava para as ruínas, parecíamos fugitivos, quando demos conta, estávamos sozinhos na cidade fantasma, aquilo era lindo, me senti a pessoa mais feliz do mundo, paz, silêncio, e uma paisagem maravilhosa das várias construções em ruínas, agora sim, eu podia aproveitar o passeio, sorrir nas fotos!

 

Entravamos em lugares abandonados, diques, templos, folhas secas cobriam o chão, canarinhos cantavam e encantavam nas paredes das ruínas, foi quando avistamos bem distante um minarete, fomos até lá e o subimos pelas escadarias em repleta escuridão, chegamos na parte alta, o código no chão nada entendíamos, lá arriba deslumbramos toda a paisagem.

 

Pela cidade fantasma subia nas muralhas, ameias, observava um pastor com seu rebanho cruzar o bosques... Caminhando pelo local chegamos à parte da cidade que ainda estava preservada, mas para entrar tínhamos que pagar, algo como 20 dólares, preferimos não entrar, estávamos satisfeitos com o que tínhamos visto.

 

Voltamos ao vilarejo, decidi cortar o cabelo, o cabeleireiro na índia trabalha na maioria das vezes na rua, sentei na poltrona. Na minha frente tinha foto de artistas de Bollywood, começava o espetáculo da tesoura, qualquer indiano que ia passando, parava para ver o evento, num momento a rua se tornou intransitável, mais de cinquenta indianos assistiam atentos a tudo, até que o barbeiro se irritava e expulsava todos dali, passava um dezena de cremes em minha cabeça e dále massagem, e novamente os curiosos iam se acumulando e após o ‘gran finale’, todos os indianos exaltados aplaudiram o serviço do barbeiro, paguei e sai dali, tudo aquilo me deu fome, além da cabeça dolorida da massagem, fomos almoçar em um restaurante que ficava no ponto mais alto do vilarejo e tinha um informe dizendo que fora aprovado pelo Lonely Planet como melhor restaurante de Fathpur, talvez fosse o único. Provei um Chop Suey e gostei, estava me acostumando com a pimenta, agora a comida sem pimenta não tinha mais graça...

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (VISITEI TAJ MAHAL E FATHPUR SIKRI);

 

COMO CHEGUEI: TREM NOTURNO DE JAIPUR - RAILWAYS -;

 

ONDE FIQUEI: HOSTEL SIDHARTHA

 

O QUE COMI: COMIDA INDIANA;

 

COMO ME LOCOMOVI: DE TUC TUC E ÔNIBUS PARA FATHPUR SIKRI (2HS)

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI TREM PARA MAHOBA;

roteiro nogal india

Roteiro Expedição Índia - Nepal

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