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Relato Trujillo

DESERTO DO MEDO

 

Desta vez cheguei pela madrugada em Trujillo, fui largado no meio do nada, nas ruas frias e escuras da então desconhecida cidade.

 

Tentava abrir os olhos, ainda meio adormecido e alguns taxistas já se aproximavam de mim, desta vez não tive escolha: não existia nenhum terminal rodoviário para passar o restinho da madrugada, fui levado para um casarão, uma antiga construção espanhola, paredes úmidas e desbotadas, os cômodos eram imensos e altos, o estuque sujo com teias de aranha davam uma sensação de lugar abandonado, algumas luzes não funcionavam, o lençol cheirava a bolor e o colchão fino e desgastado pelo tempo formava um buraco no meio da cama... Nada mal por sete solos! Tentei tomar um banho para despertar, mas como o chuveiro não esquentava, logo desisti da ideia...

 

Rapidamente clareou, o responsável pelo hotel logo me informou que a diária paga valia até as 13:00 hs... Meu verdadeiro interesse em estar em Trujillo era conhecer as ruínas de Chan Chan, as agências cobravam 20 solos pelo passeio, caminhando pela cidade descobri que um coletivo local passava próximo ao sitio arqueológico e custava um solo, uma das paradas era próxima ao estádio municipal da cidade, rapidamente decidi meu futuro naquele dia: nada de passeios turísticos, iria por conta própria até Chan Chan...

 

Peguei o tal coletivo, me indicaram onde iria descer e mostraram o caminho a seguir até o sitio: um estradinha de terra com cerca de três quilômetros para percorrer, desci na Carretera principal que ligava Trujjillo a uma outra cidade qualquer, para onde quer que olhasse via o deserto árido do norte peruano, alguns urubus sobre os postes e um opala preto caindo aos pedaços no inicio da estrada que levava a Chan Chan, achei aquela cena um tanto quanto sinistra, logo fui abordado pelo motorista: “Táxi para Chan Chan, amigo?” “Quanto?” “Solamente 10 solos” “No, gracias!” “Son 5 quilômetros, amigo!” “No, Gracias” e segui pela estradinha que circundava o deserto.

 

O céu estava de um azul oceânico, o sol intenso e a poeira local deixava minhas roupas e rosto encardidos, senti certo temor, estava numa estradinha deserta, no meio do nada, sem uma alma viva ao redor, pensei “ Se alguém me roubar, me assassinar e me enterrar no deserto, quem verá?” Com esses pensamentos mórbidos, apressava meus passos, queria chegar o mais rápido possível em Chan Chan, os urubus me encaravam, imaginando que eu fosse a refeição principal do dia, mas finalmente veio o alívio, avistei a entrada no sítio arqueológico de Chan Chan (Sol Sol na língua indígena) e o local valia a visita, muitos arqueólogos trabalhando em  escavações locais, os detalhes do que sobrou da cidade: os peixes eram símbolos venerados naquela cidade construída em região tão desértica do peru, as tumbas, os grandes pátios, o local onde ficava sentado o grande líder deste império, que sucumbiu talvez por escassez de água...

 

Depois do agradável passeio, novamente voltei para a estradinha do terror, voltei para o centro de Trujillo, tive que pegar minha bagagem no hotel, passava das 14:00 hs e o recepcionista estava irritado com minha demora, tive que caminhar com a mochila nos lombos o restante do dia, fiquei um bom tempo na Praça de Las Armas, toda cidade peruana tem uma, em frente a principal igreja da cidade, pude observar as crianças comprando sorvete, os policiais cuidando da ordem, os traficantes vendendo drogas, os católicos entrando e saindo da igreja, alguns turistas europeus tirando foto da praça, algumas peruanas pedindo para ler o meu futuro escritos nas linhas da minha mão, disse que já sabia qual era: o de pegar um ônibus para Tumbes, fronteira do Peru com Equador.

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 1 DIA (UM DIA VISITANDO AS RUÍNAS DE CHANCHAN E CAMINHANDO PELA CIDADE);

 

COMO CHEGUEI: ÔNIBUS NOTURNO DE LIMA (6HS DE VIAGEM); CHEGUEI ÀS 4 DA MANHÃ;

 

ONDE FIQUEI: EM UMA DAS HOSPEDAGENS NO CENTRO DA CIDADE;

 

O QUE COMI: COMI UMA CHULETA; UMA REFEIÇÃO CUSTA CERCA DE 10 REAIS;

OBS. (NA MAIORIA DAS VIAGENS QUE FIZ NÃO RESERVEI HOTEL - GERALMENTE FICO NOS MAIS BARATOS, QUE NÃO TEM NOME, NEM SITE NA INTERNET)

COMO ME LOCOMOVI: PEGUEI UM COLETIVO QUE ME DEIXOU NA ESTRADA EM UMA BIFURCAÇÃO QUE LEVA ATÉ CHANCHAN (UMA HORA DE CAMINHADA PELO DESERTO) SEMPRE FICA UM TAXISTA ESPERANDO NA BIFURCAÇÃO; 

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI UM ÔNIBUS NOTURNO PARA TUMBES (12HS DE VIAGEM);

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