Relato Phokara
RESUMÃO POKHARA
Uma imensidão, um vale, uma paz, são palavras que não me saem da cabeça, enquanto vou deixando Pokhara, em pensar que quase tirei esta charmosa cidade do meu roteiro... Aqui foi o primeiro local que realmente me encantou com a exuberante natureza ao redor e todas as possibilidades nelas contidas.
Você se sente bem quisto quando chega nesta cidade; assim fomos achados pelo dono da Guest House: Seu Karma... Nem precisei descer do ônibus para saber onde ia ficar e o táxi ainda era por conta dele... Passamos rapidamente em frente ao aeroporto e ao fundo das belas casinhas trabalhadas com pedras azuladas da região surgia a cadeia montanhosa do Anapurna. Lá estavam alguns dos cumes mais altos do mundo, coberto de neve, e quando me deslumbrava com a paisagem congelante do meu lado esquerdo me deparei com outra imagem rara, o Lago Fewa, com alguns botes num remanso quase silencioso flutuando pela água doce. Que lugar!
Chegando ao bairro turístico de Lake Inside, me deparei com várias lojinhas de roupas e vários bares encantadores, que se tivesse tempo, possivelmente me ocuparia com noites e mais noites de boêmia...
Em Pokhara eu podia escolher o que fazer, alugar uma bicicleta ou moto para passear por esses vales encantadores, alugar um bote e ficar à deriva no Lago Fewa, ou seguir para onde quiser, inclusive visitar o templo dedicado a Parvati, alugar um pony e cavalgar, ou seguir a pé...
Podia-se fazer trilhas e escalar o Anapurna, ou por uma pequena trilha subir até o Mirante da Pagoda Paz no Mundo, e lá de cima ver a beleza de Pokhara, ou se preferir, subir um pouco mais e ver realmente Pokhara dos céus, voando, num paragliding ou monomotor... Escolhi o último... Diria que foi inesquecível sobrevoar o Himalaia, estar tão perto dos cumes mais altos do mundo, numa frenética adrenalina...
Por falar em adrenalina, também era possível fazer um rafting em um rio bem próximo daqui, ou pular de bung jump de uma ponte, ou o que você quiser, pois em Pokhara tudo é possível, ou como eles dizem: “Chaahate hain mil jaega”, mas que eu escutava a pronuncia assim "Saat kaat milega" É a vida é difícil pro viajante tupiniquim...
LAKE INSIDE
Quando acordei subi as escadarias da pousada que me levavam a lavanderia e laje, minha intenção era ter uma visão parcial da cidade, e logo me deparei com o monte Anapurna, que paisagem estupenda para começar o dia, a maioria das pousadas ficam próximas do Lake Inside, bairro turístico de Pokhara: vários restaurantes, pubs, lan-house, agências de turismo e pontos de partida para navegar pelo Lago Fewa, depois do nosso tradicional café: Butter toast com omelete e café com leite, fomos dar uma xeretada nas agências, conhecer algo sobre os passeios possíveis, preços e possibilidade, no próximo relato narrarei as escolhas e as experiências vividas nelas, pois agora era hora de navegar pelo lago Fewa: há várias possibilidades de passeios diferentes, em que você pode alugar o bote com ou sem remador e ir para onde quiser, escolhemos um com o preço mais econômico com limite de tempo e com remador, que atravessa o lago e nos leva até o inicio da trilha para a Pagoda Paz no Mundo e depois nos traz de volta, remar aqui não é tão fácil quanto parece, mas estar no lago sobre uma singela bruma é uma experiência única, ou melhor, dá um tom de ares místicos.
O silêncio, a paisagem tudo me faz lembrar das histórias do rei Arthur, quando ia se encontrar com o Mago Merlin em Avalon, bem, depois de quase meia hora de travessia, e , a cidade distante ao fundo, alguns turistas dormindo em barcos, outros namorando em botes alugados... Chegamos ao início da trilha para a Pagoda, os remadores iriam nos esperar naquele ponto, nos deu um tempo limite para subir a trilha e regressar, algo impossível de ser cumprido, para quem não está acostumado, a subida de 600 metros trilha íngreme...
O caminho era penoso, mas a vista do lago e da cidade em cada curva faziam a subida valer a pena, sem contar que em cada trecho da trilha há um pequeno santuário budista, em que você deve tocar o sino, para iluminar seu caminho e no zig zag pela montanha é necessário algumas pausas para as fotografias e para recuperar a fôlego... Nessa fase da vida ainda era um ser sedentário.
Chegando ao topo, o alívio, tiramos as botas para subir e dar alguns giros ao redor da Pagoda sagrada e ainda podíamos desfrutar a vista da cidade e do Himalaia que a cerca, mas algo mais espantoso aconteceu: escuto alguém me chamar, alguém falando em português! Era o Fábio... Quem é o Fábio? Durante a elaboração do roteiro, muitas pesquisas foram feitas em blogs e comunidades de viagens na internet, pelas redes sociais nos conhecemos e conforme nossos roteiros, estipulamos nos encontrar em Pokhara, mas nunca acreditei que isso viria acontecer, mas lá estávamos nós, se abraçando no mirante de Pokhara, combinamos de nos encontrar a noite em Lake Inside em um pub que tocava música folclórica, cada um seguiu seu caminho, depois do almoço, estávamos famintos após a caminhada, nada melhor do que matar a saudade da comida italiana, aqui tem comida pra todos os gostos, depois alugamos um barquinho com pedalinho, e nos embrenhamos novamente no lago Fewa, enquanto a Ady dormia, nós heroicamente guiávamos o barquinho até a ilha que fica no meio do lago, local em que se encontra o Templo dedicado a Parvati, não achei nada espetacular, acho que já tinha visto templos hindus demais nessa viagem...
De volta à Lake Inside, já no final da tarde, as garotas esgotadas queriam descansar; Eu continuei a explorar a cidade, sai do bairro turístico e fui caminhar pelas regiões mais afastadas, nessas andanças descobri qual é o esporte tradicional local: Carrom Border (que eles pronunciam: Karamber!) Diria que é uma mistura de jogo de botão com sinuca, andava pelos vilarejos e lá estavam as mesas nas ruas, dois jogadores e muita gente assistindo ao duelo, também parava para dar uma olhadinha... Só não consegui jogar...
Só de raiva, quando chegar ao Brasil vou fazer um tabuleiro de Carrom Board para jogar com os amigos! Caramba seria um bom nome para o jogo aqui no Brasil!
O VOO DO FORASTEIRO TUPINIQUIM
Depois de ter ido tomar vinho as margens do Lago Fewa, olhando as estrelas ao lado dos cumes mais altos do mundo, acordamos bem cedinho com uma ressaca brava... Por quê? O Nogal ia voar... Fomos caminhando até o aeroporto da cidade, fica a alguns minutos de Lake Inside, tinha pago alguns dólares para sobrevoar as montanhas do Himalaia em um monomotor, algo como uma asa delta motorizada. As parceiras de trip tremeram na base, voar nisso! Jamé...
Mas como o Nogal queria provar sua masculinidade, lá estava ele assinando um termo de responsabilidade, depois me colocaram uma roupa, que parecia de astronauta, coloquei o capacete e fiquei pensando em sua utilidade a quatro mil metros de altitude (momentos de ignorância na vida de uma pessoa), a moça dos papeis tirou a última foto antes da decolagem e deu um sorriso, como se dissesse “lá vai mais um louco” o piloto, ligou o motor e começou a decolagem... Coração a mil, quando o teco-teco começou a se locomover, as garotas filmando tudo da sacada no restaurante do aeroporto (espero!) e o bichinho tomando velocidade, o vento gelado batendo no rosto, e, lá fomos nós, depois de um intenso frio na barriga, com um pouco de coragem abri um dos olhos, e já bem distante estava o lago Fewa e a Pagoda branca sobre a montanha, também descobri que cair do aviãozinho era fácil... Depois de alguns minutos estávamos sobrevoando o Himalaia, sobre as nuvens, admirando os eternos cumes coberto de neve, margeando as montanhas mais altas do mundo, aquilo era um sonho, como aquele passeio estava valendo a pena, 100 dólares bem gastos...
Em um momento o piloto desligou o motor e começamos a planar por Pokhara, o passeio durava apenas vinte minutos, mas no ar, aquilo era uma eternidade, a cidade, o lago, tudo parecia estar congelado no tempo, o monomotor foi mansamente perdendo altitude e sem que eu percebesse lá estávamos pousando no aeroporto again...
Depois de tirar a roupa de astronauta em êxtase, lá vinha a moça do sorriso maroto com um CD em punho, eram as fotos do voo, num preço mega-supra caro, mas como dizer não aquelas imagens! Eu sobrevoando o Anapurna... Safados!
Depois do tour, era a vez das meninas fazerem seu passeio, ao invés de voar, preferiram cavalgar pela cidade, mas no lugar dos cavalos, vieram dois jeguinhos... Não aguentava de tanto rir! As duas passeando de jeguinho pelas ruas de Lake Inside, as crianças correndo atrás, eu caminhava um pouco mais atrás, é claro que não conhecia aquelas garotas, jamé...
A cavalgada seguia por lugares maravilhosos, os terraços de arroz, as casinhas de pau-a-pique no meio do nada, ouvi uma senhora cantando músicas nepalesas de dentro da casinha de madeira, que voz linda... Via a junção de uma árvore isolada com o místico lago Fewa ao fundo...
Acompanhava a distância a cavalgada das garotas, nesta parte da cidade, ficavam algumas pousadinhas, mais distantes, num local mais tranquilo, em cima dos montes com vista para o lago, na verdade o grande barato aqui é alugar uma bike e pedalar pela cidade... Infelizmente esse é meu defeito, ainda não sei andar de bicicleta, o que me compromete nesses lindos passeios, mas prometo que na próxima trip rumo a Ásia, eu tanto saberei andar de bike como dedicarei a próxima viagem as pedaladas pelo mundo!
Marcelo Nogal




A MISSA DO MOCHILEIRO
QUANTO TEMPO FIQUEI: 3 DIAS
1º SUBINDO ATÉ A STUPA
2º VOANDO SOBRE O HIMALAIA
3º NAVEGANDO PELO LAGO PHEWA ;
COMO CHEGUEI: ÔNIBUS DE KATHMANDU (8HS DE VIAGEM);
ONDE FIQUEI: KARMA GEUST HOUSE
O QUE COMI: COMIDA ITALIANA;
COMO ME LOCOMOVI: A PÉ PELA CIDADE E DE BARCO PELO LAGO PHEWA;
PRA ONDE FUI: PEGUEI ÔNIBUS NOTURNO PRA SIDDHARTHNAGAR E DEPOIS PRA lUMBINI;
