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Relato Kathmandu

RESUMÃO KATHMANDU

A nova capital do Nepal é bela, não tanto quanto Bhaktapur, a capital antiga... Na verdade o país há pouco tempo abriu suas portas para os estrangeiros e o que notamos logo de cara é sua terrível decadência econômica após o fim da monarquia, como também devido às mudanças climáticas...

 

Ao visitar o templo de Pashupatinath (Shiva em Nepalês), notei que parecia uma replica das ghats de Varanasi, uma grande decepção, já o rio, Bagmati, não passa de um pequeno escoamento de água tentando transpassar um monte de sujeiras e madeiras velhas, não havia mais espaço para punjas, as velas sobre o lótus não mais fluía... E eram poucos os religiosos naquele local de Shiva, Deus de uma nova destruição, mas algo novo renascia no meio daquele cemitério hindu: A modernidade! No meio das tumbas crianças treinavam judô, em outra destruída, dois jovens armaram uma rede e jogavam tênis, por quê? Na cidade não há energia, falta água por todo Nepal, isso depois de um mês das monções...

 

Pelas ruas de Kathmandu vemos toneladas de lixos amontoados, pois não há sistema de coleta a mais de 20 dias e numa loucura incompreensível, crianças vão e voltam a todo tempo da escola, todos com seus belos uniformes ao estilo britânico: de terno e gravata dentro do ônibus, tudo bancado pelo governo para quem quer estudar, isso mesmo, educação no Nepal não é obrigatório. No início da aula todos os alunos cantam o recente hino nacional e depois em algum lugar iluminado pelo sol começam seus estudos, mas saindo do templo hindu de Pashupatinath, para os budistas noto as mudanças, no templo dos macacos ou em Boudhanath a religião pulsa mais forte, tudo limpo e organizado, milhares de fieis dando volta nas estupas mais antigas do mundo, onde estão os famosos olhos do Buda, em que tudo vê, e, saindo desse mundo nepalês, entramos no bairro de Thamel, é como que se viajássemos numa máquina do tempo, um novo Nepal se desdobrava, o dos turistas, com tudo limpo, geradores funcionando, vários pubs com música ao vivo e a velas, é... O Nepal e suas faces na modernidade...

 

 

PRIMEIRO DIA EM KATHMANDU

Era madrugada e fomos acordados por outros passageiros, havíamos chegado à Kathmandu, o terminal era um imenso terreno baldio cheio de ônibus velhos, descemos sobre uma forte neblina, alguns jovens nos cercaram oferecendo transporte até Thamel, local que fica a maioria dos hotéis da cidade, acertamos algo que parecia ser um valor justo, as moeda e valores tinham mudado, então era hora de tomar cuidado,

 

Dois jovens nos guiaram até o Thamel, em um antigo Lada branco, íamos escutando rap nepalês, gostei do rap deles, mais tarde iria levar um CD de recordação, mas antes disso, o Lada quebrou no meio do caminho, os garotos mexiam daqui, mexiam dali, até que o carro voltou a funcionar, passava das duas da manhã, o frio castigava, iam procurando algum hotel aberto ou com vagas, fomos parar em um hotel luxuoso, o primeiro grande prejuízo da viagem, a estadia custava cinquenta dólares por pessoa, para quem até o momento pagava de dez dólares por dia, aquele era um prejuízo gigantesco, mas não tivemos escolha naquela hora, chegamos cansados... A primeira ideia foi tomar um banho, mas infelizmente nem os hotéis de luxo tinham água quente, banho difícil foi esse, descobrimos mais prejuízos: a Ady ao mexer em sua bolsa, descobriu que sua blusa fora roubada durante o transporte na travessia de Kakarbhitta à Kathmandu, as mochilas ficavam em cima do ônibus, averiguei a minha mochila e percebi que minha camisa do tricolor paulista também fora roubada, dormi aquela noite um pouco triste, pois ela era a camisa tradicional das expedições...

 

No outro dia acordamos cedo, primeiro passo, encontrar um hotel econômico, não demorou muito e achamos nosso hotel ideal em Thamel, que por incrível que pareça, tinha água quente, o que não tinha era energia, o dono do hotel nos explicou que o Nepal passava por um grande racionamento de energia, devido a seca que assolava o país, a energia chegava ao escurecer, por volta das sete horas e funcionava até onze da noite, depois disso era hora de dormir... Também nos informou, que o sistema de coleta de lixo estava parado a mais de uma semana, para não se assustar com o que veria pela cidade, mas ao caminhar por Kathmandu não tinha como não se impressionar...

 

Deixamos nossas roupas sujas para lavar, saímos a caminhar pelas vendinhas do Thamel, lá encontrei o que há muito tempo procurava: as bandeirinhas da Índia e Nepal, para costurar na Matrix, depois seguimos rumo a Stupa mais antigas do mundo, Swayambhunath, que datam mais de dois mil anos, chamado também de templo dos macacos, caminhamos cerca de uma hora até chegar ao templo, a subida era íngreme, feita por uma infinita escadaria, até chegar ais olhos que tudo vê!

 

O local é místico, cheio de cores, macacos, estátuas de deuses budistas, bandeirinhas, incenso, as meninas estavam com a língua pra fora quando chegaram ao topo, dava pra ver toda cidade de Kathmandu lá de cima, mas a imagem não impressionava tanto... Ao chegar ao topo finalmente tive o encontro tão aguardado, estar lado a lado com os famosos olhos de Buda, ao lado, dezenas de Stupas menores, vendinhas de quadros e artesanato local, paramos no Stupa Café para tomar um lassi e continuamos a peregrinar pelo local, que nos rendeu belíssimas fotos, e um dia muito agradável.

 

No retorno paramos para almoçar em um dos restaurantes do Thamel, momos e outras cositas mais, e para comemorar nossa chegada ao Nepal, muita breja, a Everest! Andando pelas vendinhas começamos a notar que ao contrário do que imaginávamos, o Nepal era um país mais caro para viajar do que a Índia. O Nepal praticamente não produzia nada, a maioria dos produtos eram importados da Índia e de outros países, o que elevava o preço de tudo. Á noite quando a energia voltou fomos num restaurante com música ao vivo, comer umas porções de batata e carne de carneiro e depois de muito tempo voltamos a escutar alguém tocar canções americanas, e olha que o nepalês mandava bem, foi um momento agradabilíssimo e de recuerdos do ocidente...

 

NA ANTIGA CAPITAL NEPALESA

 

Logo pela Manhã, cruzamos toda a cidade de norte (Thamel) a sul caminhando, até chegar a um ponto de ônibus comum, local que passava meio que desapercebido um ônibus urbano da cidade e que seguia rumo ao antiga capital do império nepalês, Bhaktapur, algumas agências cobram absurdos para levar os turistas com minivans para o local, no ônibus coletivo, pagamos apenas algumas rupias.

 

O cobrador do ônibus cor de rosa era um garotinho esperto com menos de dez anos, não há um controle sobre a exploração do trabalho infantil por aqui, cruzamos o subúrbio de Kathmandu e mesmo com todo transito, depois de uma hora o garotinho nos avisou: “desçam, desçam.” Apontou para cima da montanha e disse para seguirmos pela estradinha a nossa frente que em cinco minutos estaríamos lá, caminhávamos pelo vilarejo, e todos morados nos olhavam curiosos, não eram muitos os mochileiros que usavam aquele caminho para chegar a Bhaktapur, pagamos para entrar na antiga capital, na Darbar Saquare e ao começar a andar por aquelas ruas, foi como voltar ao tempo, em eras medievais! A belas arquiteturas nepalesas e a forma que as pessoas viviam pela cidade: senhoras estendiam tapetes no chão e lá costuravam conversando, lembrei do ditado popular “As mulheres adoram tricotar” em outros pontos velhinhas com seus cabelos brancos tomavam chá em frente as suas casas, que não passavam de ruínas, outras pisavam na colheita para extrair o feijão, tudo seguia na calmaria do mundo, numa vendinha de novelo, uma balança da década de 30, o artesanato local também encantava...

 

Eu conseguia ter quase o dobro do tamanho das portas das casas, a arquitetura dos templos é charmosa, fachadas alaranjadas, com estátuas de leões sobre as escadarias, o restaurante ficava no terraço de uma dessas construções antigas, não resistimos ao charme do local, um refrigerante e uma porção de bolinho de carne foi o pedido, lá de cima nos ficávamos atônitos observando a antiga capital, ao retornar à Kathmandu era hora de conhecer a parte histórica da nova capital do Império, também chamada de Darbar Square, também tivemos que pagar para ter acesso, que era tão bonita quanto Bhaktapur, a diferença era que aqui tinha muito mais turistas e havia se perdido um pouco do cotidiano dos moradores locais, a não ser pelo mochileiro inusitado que lá encontramos,

Passamos o restante da tarde tirando fotos e observando os detalhes da arquitetura local, diria que única no mundo...

 

 

CAMINHADA SOLITÁRIA

 

Não precisei de muitos argumentos para as meninas não irem comigo em minha caminhada pelos subúrbios de Kathmandu, o primeiro argumento foi crucial: “Hoje pretendo caminhar o dobro do que andamos ontem para visitar Pashupatinath!” e o último argumento que sepultou a ideia de me acompanharem foi: “O local é parecido e fazem os mesmos rituais fúnebres de Varanasi!” elas preferiram dormir até mais tarde e fazer compras no final do dia...

 

Então eu, na minha caminhada solitária, andei por mais de uma hora até chegar a Pashupatinath, o gostoso do Nepal era a liberdade de andar pelas ruas como um cidadão normal, sem ninguém te amolando, parava tirava foto dos templos, dos tuc-tuc modernos da cidade e continuava meu caminho, me decepcionei com o que vi em Pashupatinath, esperava mais, nas ghats quase vazias observava os rituais de punjas, os Sadhus...

 

Na verdade, a minha diversão foi subir as escadarias que me levava para a parte de trás de Pashupatinath, onde ficava uma espécie de cemitério budista, em que os moradores da cidade praticavam esporte no meio das tumbas, depois de visitar o templo parei em um restaurante local para o café, mas pela falta de energia na cidade, eram poucas as opções servidas, tomei um simples café com pão e segui meu caminho pelo subúrbio nepalês com seu transito intenso, agora seguia para o bairro de Boudha, onde ficava a famosa Stupa de Boudhanath, nesse local, eu me surpreendi, pela organização, limpeza...

 

Aquele local me trazia uma grande paz de espírito, várias lojinhas de artesanato e monastérios cercavam a Stupa, monges giravam em torno da estupa fazendo suas orações, na Stupa também havia três degraus para elevação espiritual, em um deles monges ressoavam as orações do dharma de forma estupenda, no degrau de cima, jovens estudantes faziam sua lição de casa, bandeirinhas coloriam o local e lá no último degrau estava eu, novamente cara a cara com os olhos de Buda, que apontavam para os quatro cantos do mundo antigo, naquele tempo eles achavam que o mundo era quadrado, fiquei o máximo que pude naquele local religioso, mas eu deveria continuar a seguir meu caminho, voltar ao Thamel e reencontrar as meninas...

 

Hora de comprar a passagem de ônibus para Pokhara, não havia saídas noturnas, os ônibus partiam as seis da manhã, em uma das ruas do Thamel, próximo ao consulado norte-americano, e de uma imensa distribuidora de whisky “keep walking”

 

No outro dia o ônibus saiu quase no horário informado, cruzamos rios, ribanceiras, vilarejos, almoçamos em um quiosque no meio do nada, até que dentro do ônibus um cheiro terrível de chulé adentrou em nossas narinas, o cheiro era insuportável, abríamos o janela e o vento que vinha da cordilheira congelava, não tínhamos muita escolha, ou o terrível cheiro de carniça ou o frio... Até que o motorista parou o ônibus, nem ele estava aguentando o cheiro, foi de poltrona em poltrona em busca do pé podre, o dono do dito cujo estava na última poltrona, o único nepalês na tripulação, pelo que entendemos da discussão na linguagem local foi: “Ou você coloca o sapato ou desce do ônibus!” e para o alívio de todos o cheiro se dissipou, sai pra lá catinga!

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 3 DIAS

1º VISITANDO AS STUPAS 

2º VISITANDO BHAKTAPUR

3º VISITANDO DUBAR SQUARE;

 

COMO CHEGUEI: ÔNIBUS NOTURNO DE KAKARBITTA;

 

ONDE FIQUEI: GUEST HOUSE NO BAIRRO THAMEL,

 

O QUE COMI: COMIDA INDIANA;

 

COMO ME LOCOMOVI: DE ÔNIBUS PARA BHAKTAPUR E A PÉ PELA CIDADE (AS DISTÂNCIAS SÃO LONGAS PODE IR DE TUC TUC);

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI UM ÔNIBUS PRA POKHARA (SAÍDAS SOMENTE PELA MANHÃ) 8HS DE VIAGEM ;

roteiro nogal india

Roteiro Expedição Índia - Nepal

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