Vinha del Mar e Valparaíso: Caminhar e Caminhar

 

Geralmente quando colocamos o pé na estrada, principalmente os homens, na maioria das vezes, fanáticos por futebol tentam assistir um jogo naquele estádio que viu na televisão, ou pelo menos dar uma passadinha pela frente; Quando se vai ao rio, sempre a primeira coisa que vem em mente é o Maracanã. Assim caminho por Vinha Del Mar, a cidade onde Xuxa chorou, em busca dos estádios, com certeza já devem estar se perguntando: "Que estádio famoso fica no Chile?"

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Vinha parece o Boqueirão, só está faltando a Brasília amarela, o oceano aqui é outro o Pacifico, não acredito que já atravessei o continente por estrada de um oceano até o outro! E não vou perder por nada a oportunidade de pular na praia por esses lados... Opa! Que estranho! Ninguém entra na água?

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Chileno é meio estranho, fica sentado na areia lendo poemas de Pablo Neruda, puxa, numa cidade bem próxima daqui fica o museu Pablo Neruda, em Valparaíso... Tiro as botas para colocar o pezinho (Foot-inho) na água. Aiiiiiii! Etá, água gelada da bexiga! Tô fora! É melhor ler Pablo Neruda mesmo.

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A cidade de Valparaíso fica a cinco quilômetros de Vinha del Mar, é a cidade portuária mais importante da costa chilena. Caminhava com meu mapa de mão, que deve ter sido feito por piratas, alias acho que nem os piratas conseguiriam decifrá-lo, na verdade a cidade fica em cima do morro e para chegar até lá só com os ascensores, uma espécie de elevador ultra antigo, que leva você para o patamar de cima, e custa 0,50 pesos chilenos, ou seja, uma ninharia. A diversão aqui era subir e descer esses funiculares antigos, era muito divertido... E mais divertido do que isso era andar pelos becos da cidade, como não entendia nada do mapa, o jeito era arriscar a sorte, aquela vielas margeadas de lata velha pareciam mais um labirinto, pra completar o clima de lugar exótico, as casas são todas construídas de latão, que com o passar do tempo perderam toda sua coloração, ou seja, todas as casas são cor de ferrugem pra confundir mais ainda nossa cuca, como se perder pelas vielas não custa nada, vamos enfrente...

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​As vielas que mal cabem umas pessoas vão surgindo, há momentos em que pensamos que entramos num beco sem saída, más lá no fim a uma seta indicando o caminho! Escadarias por um lado, vielas por outro, não há ruas retas, não há nomes nas ruas, uma verdadeira quizomba, depois descobri que o nome das ruas ficavam em cima das placas, trabalhar como carteiro aqui deve ser dureza, como tinha dito antes, meu mapa é parecido com meu intestino, assim sigo tentando achar uma saída, que será algum ascensor! Ufa, achei um, estou livre! Voltando a Vinha del Mar, vamos atrás do famoso estádio de futebol, o Salsalito, procuro no mapa como faço para chegar até lá, fica afastado da cidade, pergunto para os moradores qual autobus passa lá, eles me respondem: "Nenhum!" Como é legal essa vida de Mochileiro caminhar, caminhar...

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Sigo pelas avenidas, passo pelo hipódromo, caminhar, caminhar, estou começando a perder as esperanças, quanto mais ando, mais distante fico, desço e subo morros, opa tenho a vista panorâmica dá praia, do oceano Pacifico, mas nada do estádio, se está difícil para eu chegar imagina, na década de 50, como conseguiram chegar até aqui para a grande final! Caminhar, caminhar até um lago, um pouco mais a frente a entrada do estádio, eu não acredito, eu consegui! Que dizer quase, está totalmente abandonado, será que desde o fim da Copa? Não sei, as portas estão fechadas, como sigo a carteirinha do mochileiro a risca, mesmo com os portões trancados pulo para dentro do estádio e não é que dentro dele tem gente trabalhando! Aproveito para tirar uma foto, aquela que vale para a eternidade... Estádio em que o Brasil foi Bi-campeão Mundial em cima da Suécia por 5 x 2... Agora me resta, caminhar, caminhar e voltar pra Santiago.

Marcelo Nogal