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Relato Polinnaruwa
Kandy

Um mochileiro atravessando a Ilha num Tuc-Tuc (parte 4)

Ao entardecer chegamos a cidade medieval de Polonnaruwa, antes de mais nada fomos visitar o sitio arqueológico local, a entrada não foi barata (25$), mas as ruínas de umas das primeiras cidades erguidas da ilha era encantadora. O sitio arqueológico ficava no meio de uma selva, íamos parando o tuc-tuc a cada momento que encontrávamos alguma ruína, ou escultura de Buda nas pedras, em alguns lugares sagrados não podíamos entrar calçados, mas algo deu ruim! (estava demorando) Vieram correndo nos chamar, uma gangue de macacos estava saqueando nosso tuc-tuc, tivemos que expulsá-los, e tirar o veículo dali, mas já era tarde, nosso pão com queijo foi levado, nossa mochila revirada, e o pior, a lona do teto do tuc-tuc estava toda furada! Como íamos entregar o triciclo assim? Já era os 100$ de calção! Não... Iríamos dar um jeito... Compramos uma fita isolante e tentamos tapar cada buraquinho... Espero que o dono não perceba...

            Seguimos para Kandy, mas no caminho paramos no Santuário dos Elefantes Órfãos (Pinnawala), para ver os elefantes tomarem banho no rio do vale (2500 rupias), me entristecia ver vários elefantes presos em imensas coleiras e correntes de ferro, mas sabia que se fossem livres encontrariam a morte com os caçadores ilegais da ilha, era uma faca de dois gumes... O turismo era o que os mantinha vivos de alguma forma, consegui tocar na tromba de um deles e foi uma sensação incrível, poder sentir aqueles animais tão gigantescos em minhas mãos...  Agora íamos para Kandy visitar o templo onde diziam estar um dos dentes de Buda (Sri Dalada Maligawa), sim, uma relíquia sagrada budista, que em épocas medievais veio da Índia (Calcutá) para Kandy, como dote de casamento, do rei deste antigo reino, dizem que os portugueses quando invadiram a ilha e a conquistaram, tentaram a todo custo saquear a relíquia, acharam que conseguiram, e levaram o dente para o papado em Roma, mas logo descobriram que o dente que levaram era falso, que o mesmo ficara escondido em Kandy... Tinhas reservado um hostel em Kandy por 8$, mas de repente a cidade acabou, e vimos uma imensa montanha na nossa frente e uma estradinha, disse: “Chuka, acelera que é lá encima a pousada!” Já era noite e a subida não terminava, curva e mais curva sobre a ladeira, o motor do tuc-tuc esgoelando, na primeira marcha ia se arrastando, subíamos e lá de cima víamos só o brilho das luzes da cidade, como pequenos vaga-lumes, agora entendia o preço do hostel, estávamos preocupados, não sabíamos se estávamos no caminho certo, até que encontramos um ser vivo caminhando pela escuridão e perguntamos: “Sim, é lá encima, está na metade do caminho!” Subimos e subimos, até que a estrada acabou e no fim dela um sobradinho cor de rosa, era o hostel!

            Infelizmente não tínhamos tempo suficiente para conhecer “Sri Pada” (pegada sagrada) a montanha mais alta e sagrada do Sri Lanka, que fica ao sul da ilha. Diziam ser a pegada de Buda no cume da montanha, ficaria pra próxima, agora tínhamos que voltar para Negombo e devolver o Tuc-Tuc e pegar o voo para Dubai. Entregamos o tuc-tuc e começamos a torcer para que o dono não olhasse para o teto, estávamos atrasadíssimos para o voo e o aeroporto ficava a meia hora dali, ele olhou os bancos, ligou o carro e disse: “Quer que eu leve vocês ao aeroporto? Faço questão! Cobrarei a metade dos taxistas!” Não podíamos dizer não, disse: “Chuka, conversa com ele até o aeroporto, tira a atenção dele, pra ele não olhar pro teto!” “Mas o que que eu falo?” “Pergunta da mãe, dos filho, convida pra ir pro Brasil, fala das suas pinturas! Fala que ele é bonito, sei lá, mas não para de falar!” E fomos assim, até o aeroporto, quando descemos e ele devolveu nosso 100$, disse: “Chuka, sai correndo e não olha pra trás...” É... Eu também tinha a herança portuguesa dentro de mim...


Marcelo Nogal

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