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Relato Fenghuang

FÃ CLUBE: FORASTEIRO TUPINIQUIM

 

Uma coisa que me espanta na China, é de não haver nenhuma cidade pequena... Toda cidade é imensa e complexa, dificultando as coisas para o viajante, mas desta vez dei sorte, assim tem sido minha viagem, uns dias de sorte outras dias de azar, mas faz parte...

 

O trem chegou à enorme estação de Jishou as cinco da madruga, tentava tirar a ramela dos zoios, mas meus dedos ardiam de frio, mesmo com as luvas, fazia naquele momento -5 graus, e no inverno chinês, só clareava depois das 9hs... Ao sair da estação uma senhora gritava no meio da neblina: “Farruaa” “Farruaa” mostrei minha escrita “Feng Huang” pra saber se o que ela pronunciava era o mesmo local pra onde queria ir, mas como ela não sabia ler a escrita ocidental, ela balançava a cabeça gritando pra mim “Farruaa” tentei mostrar o nome da cidade “Feng Huang!” para os chineses que entravam no ônibus, mas era em vão, ninguém sabia e eu era o único gringo narigudo e barbudo naquele local, então resolvi arriscar, vou junto com “os Chinas”, subi no ônibus em meio à escuridão, custava 15 Yuans e parecia ser ilegal, na verdade tudo parece ser ilegal, se você sumir, nunca te acharam, pois no trem não fazem seu registro de embarque, no ônibus também não, no hotel piorou... Só uso o passaporte pra trocar dólares nos bancos.

 

Depois de uma hora o ônibus nos deixou em um grande descampado, melhor dizendo, Terminal e fomos todos levados para outro ônibus, este vermelho, o número 1, já estávamos em uma cidade imensa, mas parecia que o motorista sábia onde todos iriam descer, parou no início de uma grande ponte, pensei: "E agora!" Mas antes que continuasse meu pensamento pessimista escutei alguém pronunciando pra mim um "Veriguda! (Very Good)" do lado de fora da janela, foi fácil me achar no meio da chineizada... Era um casal que pediu que os acompanhasse, fez em mímicas o sinal de dormindo, ou seja, me levaria para um hotel (eu espero), descemos a ponte medieval, definitivamente dia de sorte, me levou até uma pousadinha, que custava apenas 50 Yuans e ficava no coração medieval de Feng Huang, sim “Farruaa” era a pronuncia da cidade de Fênix...

 

O pequeno hotelzinho tinha ducha com água quente! Muita sorte mesmo! Depois de um delicioso banho, hora de vasculhar a cidade, parei para tomar o café, nas ruas do vilarejo: três bolinhos de carne eram colocam em uma cumbuca de bambu, deixam cozinhando sobre o vapor em um panelão, eram chamados de “bao zhi”, aqui parece que os costumes permanecem como na idade medieval, as mulheres carregam arroz em cestas de palha, ainda usam aqueles chapéus típicos também de palha, lavam a roupa na beira do rio, homens carregam verduras ou pimenta em pêndulos sobrepostos com madeira nas costas. Os barquinhos flutuam mansamente pelo rio esverdeado, os barqueiros usam como leme imensos bambus, observo as brumas saindo do rio, que dá um ar místico ao local, as nuvens ficam flutuando sobre as águas, é uma cena fantástica.

 

A cidade é turística, mas somente para os chineses, então sozinho posso percorrer o percurso do rio, vou admirando as antigas casinhas umas grudadas às outras, as pontes são obras de arte da arquitetura chinesa ancestral, tudo reflete no rio...

 

Feng Huang é um lugar encantador, saindo dos caminhos que margeiam o rio, me perco em estreitas e inúmeras vielas de casa interpoladas, que se juntam formando um emaranhado enlouquecedor de palafitas, local em que o lume do sol não chega, deixando o local extremamente frio e úmido com cheiro de podre, paro em um restaurante para comer mais uma vez, uma das alternâncias de sopa, ahhh que saudade das salsichas, já estou ficando craque com os pauzinhos, quando me reencontro com o rio, a veia arterial daquela cidade, observo uma ponte medieval, talvez uma das mais antigas da China, ela é diferente de tudo que já vi, é feita em cimento em diversos blocos... Sento para descansar em um dos bancos da cidade e admirar as pessoas passando pela ponte, com o sol se despedindo por trás dela e logo chega uma garota para conversar: "Olá, estou aprendendo inglês, e como são poucas pessoas que falam, gostaria de praticar com o Senhor!" "Ok “China Girl” vamos bater um papo: Whats your name?..." "Meu nome em inglês é Janny!" “A então quer dizer que tem um nome em inglês e outro em Chinês?” “Yes, All!” “E o seu nome chinês?” “Xin Xu Hu Na Lee” É melhor chamá-la de Janny mesmo, entendi agora...

 

Chegando à pousada, já à noitinha, começo a editar os vídeos da trip, mas alguém bate na porta... Quem será? Sequestro? Roubo? Não conheço ninguém nesta cidade, vou até a porta apreensivo... Abro e do outro lado no corredor encontro um casal de jovens chineses com uma fruta enorme na mão (fruta do conde), a China Girl diz: "Estamos no quarto ao lado e gostaríamos de ser seu amigo, trouxemos esse presente pra você!" "Obrigado!" "É que estou aprendendo inglês..." “Ok, já entendi, podem entrar, qual seu nome em Inglês?” Depois de conversarmos um pouco eles se retiraram, voltei para a edição, e, novamente ouço barulhos na porta... Desta vez deve ser o Corvo... Não, outro casal chinês..

 

 Com uma sacola cheia de frutas: “Veriguda!” “..." Essa noite vai ser longa... Pela manhã descobri que tinha fruta pro café e pro almoço, que Mao era um cara legal, e que boa parte dos Chinas pediam pra tocar na minha barba, com todo respeito é claro, pra saber como era...

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (CAMINHANDO PELO CENTRO HISTÓRICO) ;

 

COMO CHEGUEI: TREM NOTURNO DE BEIJING ATÉ HUAIHUA - CHINATRAIN - E DEPOIS ÔNIBUS ATÉ FENGHUAN (2HS);

 

ONDE FIQUEI: HOSPEDADO EM UMA HUMILDE POUSADA AS MARGES DO RIO;

 

O QUE COMI: SOPA;

 

COMO ME LOCOMOVI: A PÉ PELA CIDADE;

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI ÔNIBUS ATÉ CHANGSHA E DEPOIS TRÊM ATÉ LINJIANG;

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