Relato Shanghai
RITUAL DO CHÁ
Dormi como uma criança, quase 12 horas. Na verdade muito confuso pelo fuso horário, a chuva fina e constante, não dava trégua. Peguei um guarda-chuva emprestado no albergue e segui explorando a cidade, mas se tornava muito difícil filmar, fotografar e segurar o guarda-chuva ao mesmo tempo.
Eu ainda estava meio tímido na China, rsrs. Meu café foi um rocambole gigante e um suco de laranja. Ao andar pela cidade, era impossível não fazer comparações com São Paulo, e, infelizmente, minha cidade perdia em tudo: beleza, organização, limpeza, educação, estilo... Shanghai foi uma grata surpresa, gostei da metrópole chinesa, principalmente pelo seu charme, com seus prédios enormes e modernos, mulheres elegantes, ruas tranquilas: a Nanging Road, não deixa nada a desejar às avenidas europeias...
Em um banco troquei meus dólares, porque na china o “ex-change” ocorre somente em lugares específicos. Na Shanghai Raiway Station comprei a passagem de trem para Xian. Conheci o parque da People Square, em que velhinhos no meio da chuva meditavam, também comprei minha máquina fotográfica semi-profissional em uma loja de eletrônicos na Huai Huai Road, por um bom preço, eu espero, rsrs...
No almoço, macarrão com bife, sofrendo no manuseio dos pauzinhos, o caldo voava por toda mesa, sentia que os dois dias não seriam suficientes para conhecer Shanghai, talvez numa outra oportunidade volte, pois gostei daqui e diria que, se por aqui ficasse, por uma semana, rapidamente arrumaria umas namoradinhas, rsrs...
No parque, as garotas que sabiam falar inglês me assediavam! Umas garotas me levaram para assistir e realizar um ritual do chá, elas me chamavam de “Beatiful Eyes” me pediram em namoro e coisas do tipo. O ritual foi interessante, conheci o sapo de três pernas e soube que fazer carinho em suas costas após tomar o chá, dá sorte no amor, tinha chá medicinal, e, noutro chá mais exótico de todos era colocada uma semente dentro do copo e de lá brotava uma flor, no meio do chá quente, impressionante! Numa xícara o símbolo do dragão era negro, quando se colocava o chá quente, ele ficava vermelho, já noutro, após tomar o chá, as folhas eram levadas ao rosto para tirar olheiras e manchas de ruga, e, no final da cerimônia eu estava empanturrado com tanto chá provado. Não me deixaram filmar o ritual, mas tudo bem, me despedi das pretendentes, disse que não seria possível amar ninguém naquele momento, pois no momento estava comprometido com o “mundo” ele era meu grande amor e eu não o trairia com ninguém!
Assim continuei meu caminho pela chuva, que teimava em não parar, ainda não tinha me recuperado dos sintomas do fuso horário, parecia um zumbi no final do dia. Segui rumo à estação de trem, tudo muito tranquilo e organizado, depois do trauma do trem indiano, você imagina que tudo é igual, mas não, todos chineses vão para a cama correta, os vidros não abrem, tudo é limpinho, não faz frio dentro do trem, já as mulheres, comissárias de bordo eram bravas... Quando estava próximo da estação que iria descer, elas me davam um sopapo e gritavam: “Wake up Beatiful Eyes!”
Marcelo Nogal


A MISSA DO MOCHILEIRO
QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (CAMINHANDO PELA CIDADE);
COMO CHEGUEI: AVIÃO DESDE SÃO PAULO (24HS) DEPOIS METRÔ ATÉ O HOSTEL;
ONDE FIQUEI: HIDDEN GARDEN YUOTH HOSTEL - 12 DÓLARES
O QUE COMI: COMI SOPA;
COMO ME LOCOMOVI: DE METRÔ PELA CIDADE;
PRA ONDE FUI: PEGUEI O TREM NOTURNO PRA XIAN;