LAGOS ANDINOS

 

As vezes, nós mochileiros temos que nos arriscar, ir em lugares onde só é frequentado pela nata da sociedade, deixar nossa marca, um Neil  Armstrong das mochilas!

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O lagos andino é um desses lugares típicos, só para turista, eu sei que é difícil conviver com eles, mas há situações que temos que provar que somos capazes de chegar, curtir o lugar gastando 1% do que eles gastam, e se conseguirmos é a gloria! Porto Varas é a primeira parada, já estava bem próximo da Patagônia, o frio é de doer, bem próximo ao lago observava o Vulcão Osorno, pra chegar ao seu topo é preciso uma grana considerável para contratar o serviços ainda sim precisa de uma quantidade considerada de turistas para conseguir montar um grupo, então fico só com a foto do vulcão e logo fujo para a próxima cidade. Na próxima parada, as águas termais, tem turista pelado no meio da neve, dando altos mergulhos nas águas borbulhantes e quentes do vale! 

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​Chego à Puerto Montt, provo um delicioso lanche de x-salmão típico da região. Há vários passeios saindo da cidade a maioria seguem rumo a Chiloe, mas os mais procurados e caros de todos é o que atravessa os Lagos Andinos, chegando até Bariloche, na Argentina. O custo do passeio é de 120 dólares, a viagem dura dois dias, incluindo uma noite no Hotel Luhue, com todas as refeições incluídas durante todo o percurso.

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Existe uma segunda opção um pouco mais econômica, que é a de ir até a metade do caminho até o Hotel Luhue e voltar novamente para Puerto Montt, com nada incluído por 36 dólares! É nesse que eu vou... Primeiro um ônibus, um passeio pelo parque Nahuel e por fim para navegar pelo lago andino em um navio classe A com capacidade para mais de duzentas pessoas, me senti no Titanic, o pior fiquei aterrorizado com a ideia...

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Na verdade todos as pessoas que compraram tanto o pacote de 120 como de 36 dólares seguem juntos, a diferença é que os que pagaram 36 voltam na metade do caminho. Para alegria de todos, chove o dia todo, não era pra eu contar, mas não resisto, nos Lagos Andinos chove 360 dias ao ano, ou seja, só por milagre para ver a paisagem. A solução para o caos é assistir a fita de vídeo do local com o céu azul no barco!

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Chegamos à tarde na Ilha Luhue, que na verdade só tem o hotel, Lluhue, uma diária no lugar não é pouco, uma refeição custa 25 dólares, no restaurante do hotel um senhor tocava piano, entoando os clássicos de Beatles... Uma lareira ao lado aquece o local, os garçons passam com os menus, passo longe, sento entre o piano e a lareira, pelo vidro vejo a chuva cair em uma graminha amarela e mais ao fundo verde e mais ao fundo ainda a neve no pé dá montanha, passa o garçom com o menu... Opa! O que tem de mais barato! Um chocolate quente por um dólar! É isso que eu quero!

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O garçom estranha: “Não vai comer nada?” “Não!”, ao meu redor está cheio de velhinhas norte-americanas gastando toda sua aposentadoria, os turistas reclamando com o almoço de 25 dólares: um peixe assado e algumas colheres de arroz... Quando chega o chocolate quente, tiro da red-house os pãezinhos e a mortadela, olha o farofeiro tupiniquim nos Lagos Andinos, o garçom entorta o rosto, até parece que está com câimbra! Sai todo emburrado... Nunca demorei tanto para tomar um chocolate quente, esfriou e resfriou, o garçom cansou de vir até minha mesa perguntar se queria mais alguma coisa, agora desistiu de mim... Bem é hora de voltar ao navio, assistir mais uma vez a fita e deixar quem pagou os 120 dólares no hotel...

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O mais importante nessa aventura, foi a de poder estar em um lugar, que conforme minhas condições financeiras, jamais me permitiriam chegar... Como o mochileiro é livre dos costumes tradicionais, tudo é possível...

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Marcelo Nogal