Relato Guayaquil
SURPRESAS NA LINHA DO EQUADOR...
Após passar a fronteira peruana, tudo mudava drasticamente: das cores alaranjadas, respirando o pó seco do deserto para o verde exuberante e umedecido da selva equatoriana. A estrada ganhava cores, se enchia de vida ao redor da carreteira, o que era antes um mundo vazio entre barrancas, se tornava um vale montanhoso cheio de vida.
A ponte para atravessar ambas fronteiras era chamada de terra de ninguém, armados, soldados dos dois lados observavam as travessias e eram muitas pessoas indo e vindo!
De Forasteiro Tupiniquim, só eu... Papaya era oferecida, o ônibus ia pegando gente por toda a estrada! O ônibus foi adentrando por uma grande planície, atravessando a baia de Guaya, depois de estar viajando um bom tempo pela América, novamente voltava a ver uma grande metrópole e me surpreendia com o tamanho de Guayaquil, não esperava encontrar arranha-céus, imensas pontes de asfalto, viadutos congestionados e uma imensa rodoviária, ainda em construção. O único inconveniente era que o Terminal ficava muito longe do centro da cidade, ao redor não havia nenhum hotel, apenas a vasta planície desocupada, tive que pegar um coletivo para o centro, o difícil era definir o que era ‘o centro’ para os equatorianos, o sotaque espanhol era pronunciado de maneira tal, que as palavras pareciam derreter na boca do equatoriano, pareciam estar bêbados, ou com uma bola de golfe dentro da boca, sei lá...
O centro era enorme, os hotéis não ficavam concentrados em um determinado local, diferente das cidades do Peru e da Bolívia, Guayaquil parecia não estar preparada para receber forasteiros como eu, mas sim empresários a negócios. Depois de tanto procurar encontrei um hotel simples, em uma região parecida com a do Brás em São Paulo!
Os pequenos comércios como quitandas, bodegas, mercadinhos eram protegidos por grades... Sinal de que a violência urbana também havia chegado por aqui, ao entardecer as ruas da região próximas da onde estava hospedado ficavam desertas e escuras, era quando o comércio fechava... Procurar um local para jantar era outra aventura! E nos restaurantes encontrava mariscos variados! Enormes caranguejos eram servidos, três deles foi minha janta: Enormes caranguejos vermelhos. Vieram sobre uma tábua, do lado um martelinho de madeira, nem precisa dizer que foi uma luta para comê-los, levei quase uma hora martelando e chupando aqueles ossos, um martírio para um viajante esfomeado...
No dia seguinte fui até o porto de Guaya, era por lá que as pessoas passeavam nos finais de semana, um shopping a beira mar, alguns passeios em barcos eram oferecidos, crianças iam e vinham chupando sorvete pela grande Boulevard do porto, também tinha um cinema a beira mar.
O bairro da Peña era a única parte alta da cidade, construída sobre um morro, um dos bairros mais antigos de Guayaquil, as casinhas coloridas ao estilo colonial se amontoavam em estreitas escadarias que levavam até o cume da montanha, lá encima, uma igreja, pra variar (Viva América Latina!)... No século XVI o bairro servia de proteção aos moradores da cidade, pois em épocas remotas a região era sempre invadida e saqueada por piratas, os canhões sobre o morro eram a única proteção, eles ainda existem e estão mirados para a baia de Guaya, lá de cima também se tem uma visão privilegiada da metrópole, do porto e de que a cidade continua crescendo para cima sem parar...
Descia as ruas da Peña ao som do merengue e da salsa latina, ouvidas pelas mulheres locais enquanto limpavam suas casas coloridas... Algumas vezes sentava em alguns dos degraus (aqui numerados), pois ninguém é de ferro, e, o sol na linha do Equador era de rachar o coco... Na praça central imensos lagartos se se bronzeavam no sol. Os turistas aproveitavam para tirar fotos com os lentos repteis... Eles eram a grande atração da região central da cidade.
Guayaquil não estava no meu roteiro, o fato é que não havia ônibus direto de Tumbes, no Peru, para Quito, então tive que dar uma passadinha por aqui... E gostei do que vi!
Marcelo Nogal


A MISSA DO MOCHILEIRO
QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (CAMINHANDO PELA CIDADE);
COMO CHEGUEI: ÔNIBUS DE TUMBES (5HS DE VIAGEM); E NECESSÁRIO PEGAR UM COLETIVO ATÉ O CENTRO (UMA HORA), O TERMINAL FICA DEPOIS DO AEROPORTO;
ONDE FIQUEI: EM UMA POUSADA VELHA PRÓXIMO AO TERMINAL TERRESTRE, EM UMA DAS TRAVESSAS DA AVENIDA AMÉRICA;
OBS. (NA MAIORIA DAS VIAGENS QUE FIZ NÃO RESERVEI HOTEL - GERALMENTE FICO NOS MAIS BARATOS, QUE NÃO TEM NOME, NEM SITE NA INTERNET)
O QUE COMI: ENSOPADO DE CARANGUEJO ;
COMO ME LOCOMOVI: A PÉ PELO CENTRO DA CIDADE
PRA ONDE FUI: PEGUEI UM ÔNIBUS NOTURNO PRA QUITO (8 HORAS DE VIAGEM);