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Relato Cali

FALANDO DE BUSETA

 

Eu já havia notado aquela garota na fronteira, trocamos olhares, mas por algum motivo insólito preferi não avançar mais do que isso, só que a entediante espera na rodoviária de Empales me fez mudar de ideia, ainda mais sabendo que aquela garota seguiria  para o mesmo destino que o meu: "Cali"...

 

Ofereceu-me um pouco de sua tubaína, não pude recusar, Sara estava regressando de sua trip pelo Chile, colombiana de Cali, apaixonada por música brasileira e outras cositas mais, ficamos lá a papear até a buseta chegar, que por sinal era muito pequena, fui sentado espremido no último banco junto com Sara e outros colombianos alegres, a buseta partiu entrecortando a vales repletos de bananeiras e mangueiras, até pararmos já pela madrugada fria em um daqueles vilarejos perdidos no meio da estrada, que sobrevive com as indas e vindas dos viajantes diários, no barzinho da estrada Sara me pagou um "Tito" café forte e típico daquela região para aquecer a alma...

 

E assim seguimos todo o percurso falando das belezas Brasileiras e Colombianas, entre uma ou outra vomitadela pela janela ocasionada pelas sinuosas curvas das estradas colombianas, reforçada pela buraqueira da mesma, fazendo a buseta pular demasiadamente sem parar! Chegamos a Cali por volta das quatro horas da madrugada, já estava me preparando para dormir mais um resto de noite no banco ou chão de uma rodoviária latina americana, quando ela ofereceu sua casa como hospedagem para o forasteiro tupiniquim...

 

Relutei um pouco, mas ela era insistente e eu frágil a tentações mundanas, como sempre muito hospitaleira bancou o táxi... Depois de alguns minutos chegamos a sua casa no subúrbio de Cali, um velho sobradinho de porta enferrujada, subimos as escadas, em seu desfecho um quadro de Frida Kahlo, ao lado um mapa da América Latina...

 

Acordei ao som de Vivaldi e o café sobre a mesa, na verdade eu acordei debaixo dela (Da mesa) ovos mexidos, lentilhas, queijo e achocolatado caliente...

 

Tomei um banho, Sara tinha que voltar ao seu trabalho e eu seguir minha expedição rumo ao Caribe, ela me prometeu deixar no centro de Cali, fomos com seu Peugeout vermelho de 1970, também prometeu me buscar para almoçar...

 

Assim fomos sobre o sol escaldante comer no Mercado Municipal, segundo ela, uma tradicional comida afrodisíaca colombiana regada de muita cerveja, depois compramos algumas rosas para sua Mama, visitamos um poeta colombiano e fomos até o mirante da cidade provar o xhampoo, bebida típica de Cali, foi quando percebi que o sol fugia do horizonte e era hora de partir...

 

Voltamos para sua casa, resgatar a mochila perdida em algum canto da casa, Sara me presenteou com um livro "O amor nos tempos do cólera", retribui lhe dando o meu livrinho de minicontos que levava para o festival mundial de literatura em Bogotá...

 

Nos vimos pela última vez na rodoviária de Cali, e sabe, eu nem havia embarcado e já sentia saudade daquela moça colombiana... E na buseta escura pra despistar a solidão tentei escutar alguma salsa colombiana, mas não obtive resultado satisfatório, assim segui, continuando minha aventura pelo mundo afora saindo de Cali dentro daquela buseta velha cheirando plástico velho... Ninguém limpa o buseta não!

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (CAMINHANDO PELA CIDADE)

 

COMO CHEGUEI: PEGUEI UM TÁXI DA FRONTEIRA EQUATORIANA ATÉ A RODOVIÁRIA DE IPIALES E DE LÁ UM MICRO ATÉ CALI (5HS DE VIAGEM);

 

ONDE FIQUEI: NA CASA DE UMA COLOMBIANA QUE CONHECI DURANTE A VIAGEM;

 

O QUE COMI: MINHA AMIGA COLOMBIANA ME PRESENTEOU COM A COMIDA LOCAL NO MERCADO NACIONAL DE CALI;

 

COMO ME LOCOMOVI: DE CARRO COM MINHA AMIGA COLOMBIANA E A PÉ;

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI UM ÔNIBUS ATÉ BOGOTÁ (36HS DE VIAGEM) - EXPRESO BOLIVARIANO -;

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