Relato Bogotá
SÓ PAZ DORMINDO NO PUTEIRO DE BOGOTÁ...
As distâncias se triplicavam entre as cidades colombianas, as velhas carreteiras que circundavam os Andes estavam ultrapassadas, apenas uma via para cada lado, carregadas com caminhões velhos e lentos, deixando a travessia da sinuosa estrada demorada e caótica...
Sem contar com as paradas para almoço, em restaurantes rústicos e empoeirados no meio da relva, em que a comida não era muito convidativa, preferia as bolachas... Os poucos turistas estrangeiros se deslumbravam com o colorido das frutas tropicais da América Latina! Sempre havia alguém vendendo melancias na estrada...
Continuávamos a saga pela América Latina até Bogotá, mas o ônibus quase pouco se movia, lá estávamos nós parados novamente em uma blitz do exército Colombiano: descíamos, todas as malas eram abertas, revistadas, maltratavam os venezuelanos abordo, quando descobriam que eu era brasileiro, brincavam comigo, perguntavam das mulatas de Copacabana e logo me liberavam...
Esse era o meu momento de revolta: organizar a bagunça feita pelos soldados na minha mochila! Malas de volta para o ônibus, todos em seus devidos assentos, o ônibus voltava a seguir seu caminho, que alívio, mas ao virar a curva, outra milícia. Novamente paravam o ônibus, e, todo o processo anterior se repetia, até o de me irritar com a bagunça na bagagem novamente... Eu já não sabia se era o exército ou as Farcs, o fato é que a viagem ia se prolongando, perdia tempo precioso dentro do ônibus, até que um dia enfim ao entardecer estava lá, na capital Colombiana, o terminal não ficava próximo do centro. Na Colômbia tudo fica distante, tive que pegar um coletivo até o Centro.
Na região comercial, descobri que seria mais econômico dormir no puteiro... Calma lá, não é o que estão pensando! Durante o dia eles utilizavam o quarto para tais fins profanos kkkkk, o expediente durava até às 19hs, depois lavavam o quarto, trocavam os lençóis e em meia hora estava prontinho pra eu dormir! Só que às 8hs da manhã tinha que me mandar, deixava a mochila na recepção e só voltava às 19hs... O preço compensava... A vida do forasteiro tupiniquim é assim! Pagava cerca de oito reais pela diária, com hidro e TV a cabo, e, ficava a algumas quadras da Plaza Del Bolívar, do congresso, dos pombos e da catedral...
A altitude não mais me afetava, após passar pelo ‘mal de altitude’ se fica imune por alguns meses. Ao fundo da cidade avistava o Monteserrate, era possível visitá-lo de bondinho, mas não o fiz, preferi conhecer o Museu do Ouro... Realmente o museu era interessante, várias esculturas Astecas todas revestidas de ouro que foram encontradas pelo Amazonas Colombiano, talvez da cidade perdida de “El Dourado!” O museu tinha um forte sistema de segurança, ficava imaginando por que com tanto ouro ali, nunca o museu foi foco para os diversos carteis colombianos... A resposta era óbvia... Os cartéis tinham o dobro do dinheiro daquele contido no museu, as preocupações eram outras...
Subindo a ladeira sentido ao Monteserrate cheguei à região colonial (mais uma), chamada de Candelária, no almoço comia um pollo (mais um)... Depois de ter cruzado toda a América Latina, agora parecia que andava em círculos, fazendo e vendo sempre as mesmas coisas: Cidade Colonial, pollo, ruínas incas...
Dei uma descansadinha no Parque do Terceiro Milênio, tudo estava muito calmo por lá, nos jornais Lula aparecia como o Comunista salvador do Brasil, claro que ao lado de Uribe pelo combate ao narcotráfico...
A Avenida Caracas, que também é a do metrô da capital (algo parecido com o antigo fura-fila de São Paulo) é a avenida principal da cidade! Foi caminhando por ela, seguindo para o norte, que achei a Plaza Del los Toros, o Planetário e outro museu, que não recordo o nome... Tinha chegado no Bairro de San Martin... A noite chegava e era hora de voltar para o puteiro, quer dizer, meu novo lar doce lar, pelo menos por mais alguns dias...
Marcelo Nogal


A MISSA DO MOCHILEIRO
QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (MUSEU DO OURO E CAMINHANDO PELA CIDADE);
COMO CHEGUEI: ÔNIBUS DE CALI (36HS) - EXPRESO BOLIVARIANO;
ONDE FIQUEI: NUM MOTEL - HOSPEDAJE DIANA - PELA MANHÃ DEIXAVA MINHA MOCHILA NA RECEPÇÃO PQ MEU QUARTO ERA USADO PELAS PROSTITUTAS, SÓ PODIA VOLTAR DEPOIS DAS 19HS - PAGAVA 8 REAIS PELA NOITE;
O QUE COMI: COMPRAVA PÃO E QUEIJO NOS MERCADOS LOCAIS;
COMO ME LOCOMOVI: A PÉ PELA CIDADE - MAS HÁ UMA ESPÉCIE DE FURA FILA QUE CRUZA TODA A CIDADE;
PRA ONDE FUI: PEGUEI UM ÔNIBUS NOTURNO PRA CARTAGENA (16HS DE VIAGEM);