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Relato Zanzibar

DAS MULHERES DE ZANZIBAR

 

Estava eu numa das praias mais lindas do mundo, no Azul de Zanzibar, no vilarejo de Nungwi. À tarde a maré baixou e é aquele momento que mais gosto para fotografar, os Barcos, a estrela do mar, os ouriços presos em recifes, as várias tonalidades do mar, mas durante meu trabalho fotográfico percebi que outras pessoas se aproveitavam da baixa maré...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As mulheres do vilarejo surgiam com seus baldes, para um trabalho árduo... As apanhadoras de conchas! Aquelas mulheres eram minhas heroínas... Com toda sua simplicidade, sem bronzeador entravam no mar, pra fazer um serviço bruto... E quando olhava pra minha câmera, me sentia constrangido naquele paraíso turístico, me sentia mal, por estar lá me divertindo e ao mesmo tempo vendo aquelas mulheres sendo produto do capitalismo selvagem... Lá estavam elas firmes lutando pela vida... Lembrei do documentário ‘sal da terra’ e de todas as angustias de Salgado Filho e mesmo com aversão tinha que fotografar aquele momento, para que as pessoas pudessem refletir, sobre as mulheres ao redor do mundo... De como existem mulheres guerreiras nas periferias do mundo.

Naquele momento comecei a gostar e admirar mais estas mulheres sem maquiagem, descabeladas, vestidas com sua essência, o que chamaria de “mulher poesia”...

Acho que é Impossível ver as mulheres do vilarejo catando conchas e não sentir algo a respeito é um sentimento paradoxal que nos invade, a cena é muito poética! Sei que existe um romance, best seller, chamado ‘os catadores de conchas’...

São esses momentos que valem muito durante as viagens que fazemos, momentos que somos pegos de surpresa, é como se levássemos um golpe no estômago e fossemos obrigado a refletir a respeito sobre algo que transcende nossa redoma de vidro, momentos que a gente nunca mais esquece, no azul de Zanzibar...


Marcelo Nogal

Ilha de Zanzibar nungwi mochileiro
Zanzibar cotidiano
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