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Relato Ushuaia

AND BEYOND OF THE ÍTACA...

(CANTO I: O PROCESSO)

 

Acabei chegando ao final da tarde em Rio Gallegos, esperava encontrar alguma viagem noturna para Ushuaia, mas meu planejamento não deu muito certo, partidas para o “fim do mundo” somente pela manhã, às 8hs e o preço da passagem do bus não era barata, se você pretende ir somente para a Tierra Del Fuego, vale mais a pena ir de avión...

 

Comprei pão e queijo no Carrefour que fica ao lado do Terminal Rodoviário, atravessei a Ruta 3, e chegando à Calle Eva Perón, encontrei uma pensão meia boca arriba de uma vendinha, tive que barganhar com a patroa para pagar 80 pesos (caro!!!), também percebi que o clima do bairro era “tenso”, a cara (pálida?) dos vizinhos não eram das mais simpáticas, tipo subúrbio de Buenos Aires (Avellaneda). Estava muito frio, ventava forte, por vezes caia uma forte chuva e de repente passava, assim foi minha nobre noite em Rio Gallegos...

  

No Bus servem chá e alfajor, durante o percurso lia “A Odisseia”, história épica que conta as aventuras de Ulisses, que após chegar ao fim do mundo, tenta de todas as formas voltar para Ítaca (Sweet Home), consegui ler praticamente o livro todo, pois a viagem durou penosas 15hs, em que apenas 6hs aproximadamente foram de ônibus em movimento: O trecho que está o Estreito de Magalhães pertence ao Chile (Área Petrolífera), então temos que atravessar a duana chilena, e, como há rusgas entre Chile e Argentina, devido a Guerra das Malvinas, em que supostamente o Chile ajudou as tropas Britânicas, então, os chilenos acabam dificultando o processo de migração, são mais de 2hs para atravessar cada fronteira, e depois cerca de mais uma hora dentro de um navio atravessando o estreito, e mais algumas paradas pelo caminho, dentre elas a cidade de Rio Grande, já na Isla Grande de Tierra Del Fuego, acabamos chegando a Ushuaia por volta das 23hs...

 

 Se você pretende vir para cá em Alta temporada (Janeiro) reserve com antecedência sua pousada... Ia de pousada em pousada aos arredores da Av. San Martin e sempre a resposta era a mesma: “Full, Full, Full”, no Hostel Cruz Del Sur, que também estava “full” o argentino, recepcionista, ofereceu o chão do albergue, dizendo emocionado: “Não vou deixar um brasileiro dormir nas ruas de Ushuaia, não, os Brasileiros foram os únicos que nos ajudaram na guerra das Malvinas, não pode dormir na rua, não, nunca um parceiro de batalha contra os ingleses ficara ao relento...” Disse a ele que ia continuar procurando, se não encontrasse um lugar para dormir, voltaria e aceitaria o ilustre chão, já quase meia noite, continuava procurando e nada, arrisquei mudar a estratégia, tentaria encontrar uma hospedagem com o auxílio de um taxista, melhor ideia impossível, depois que o taxista descobriu que eu era mochileiro...  “Nossa, eu tenho orgulho de quem viaja como você, pouco dinheiro, sem frescura, são os que mais aproveitam suas viagens, olha, vou te dar umas dicas incríveis sobre a cidade, pra você gastar pouco, está vendo ali, é um mercado, tudo muito barato, está vendo aquela montanha, dá pra subir até os glaciais sozinho, daqui sai um ônibus para o Parque Nacional de Tierra Del Fuego, a cada uma hora, ali você pode alugar uma Bike, vou te levar para uma pousada barata, que fica fora da região central, sou fã de mochileiros...” Chegávamos na pousada e: “Full”, parávamos em outra: “Full”, até que encontramos uma, que naquela hora da madruga, não tinha a menor ideia de onde ficava, custava 150 pesos, mas não estava numa boa situação para escolhas ou negociações, aceitei, com café da manhã incluído e uma banheira com hidro digna de hotel cinco estrelas... Que banho! Que café da manhã! Que ótima recepção no “fim do mundo”, estava começando a me sentir como Ulisses, bem recebido em terras estranhas (numa ilha desconhecida!), aquele era o primeiro passo para me dar bem em Ushuaia, afinal seriam cinco dias no “fim do mundo”, mas tive pouco tempo pra relaxar, bem cedinho às 5hs da madruga, levantei, e fui em busca de um hostel mais em conta, no centro, pois 6 noites por 150 pesos não era uma boa ideia para o forasteiro tupiniquim. Resolvi ir caminhando e descobrindo a cidade.

 

Após 40 minutos de caminhada estava no centro, e tive a felicidade de ver a Bahia Encerrada no melhor momento do dia, em que suas águas refletem toda a Cordilheira e a cidade, melhor momento para foto não existe e só é possível tirar essa foto naquele momento mágico do dia: junção de iluminação perfeita do alvorecer com a quietude do lago... Depois de fotos estonteantes, encontrei uma vaga para os próximos dias no Hostel Yakush, na Avenida San Martin, com café da manhã e WiFi incluídos... Era hora de fazer a mudança e conhecer um pouco da cidade que fica no Fim do Mundo... Não sei o porquê, mas esse trecho da viagem tem um “Q” de Odisseia, uma Ítaca nas entrelinhas, quem sabe eu descubra no próximo Canto, estou achando que li de mais ontem...

Marcelo Nogal

ushuaia

A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI:

4 DIAS:

1º SUBINDO GLACIAL MARTIER

2º TRILHA PQ NAC TIERRA DEL FUEGO (90 PESOS)

3º LAGUNA ESMERALDA

4º PEDALANDO AS MARGENS DO CANAL DE BEAGLE

 

COMO CHEGUEI: ÔNIBUS DE RIO GALLEGOS (SAI ÀS 15HS - CHEGA ÀS 22HS DO OUTRO DIA)  - TACSA BUS - ;

 

ONDE FIQUEI: HOSTEL YAKUSH;

 

O QUE COMI: COMPRAVA PÃO, PRESUNTO E IOGURTE NO MERCADO;

COMO ME LOCOMOVI: PEGUEI A VAN LOCAL (SAI QUANDO ENCHE) PARA O PARQUE E PARA A LAGUNA ESMERALDA; ALUGUEI BIKE NO CENTRO DA CIDADE;

PRA ONDE FUI: PEGUEI UM VOO PARA BUENOS AIRES;

 

DICAS: NENHUM DOS PASSEIOS QUE FIZ FOI NECESSÁRIO GUIA; 

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