top of page

Relato Buenos Aires

ÓDIO À LOS HERMANOS!

 

Já estava preparado para uma guerra: Camisa canarinha, fitinha com as escritas: “Sou brasileiro com muito orgulho!” com uma bandeirola: “Chupa Maradona!” E com a língua bem afiada, sendo que na primeira oportunidade soltaria um imponente: “Seu Maricon de mierda!” ahhh como odeio los hermanos, não queria, mas infelizmente tenho que conhecer Bueno Aires, pra falar mal dela, é claro!

 

Um ótimo lugar pra armar o acampamento para a guerrilha é no ChiLagarto, barato, fica entre o Centro e San Telmo e tem dois subts pertinho. Subts é como chamam o metrô, ahh como eles são insuportáveis, que ódio! Começo minha depreciação pela tradicional região de La Boca, não deve ser grande coisa, vou preparado para contra-atacar os insultos, mas pelas ruas as senhoras sorriem dizendo boa tarde, aiii que raiva! Vou passando pelas casas de latão, todas coloridas, as crianças ficam me espiando pela janela, dizendo: “olá”...

 

De repente escuto um barulho intenso, pergunto para um taxista “Que passa?” prontamente me responde: “Jogo no Labomboneira, amigo!”, corro para o estádio... É uma partida de futebol contra os Newll´s, atrasado vou subindo as escadarias, verticais e sem fim, a arquibancada também é diferente, aquilo parece mais um alçapão, o estádio está lotado e todos cantam fervorosamente:  “Dali, dali Boca!” nem assistem à partida, muitos tomando Quilmes olham por céu, gritam “Amarillo, Amarillo”, cantam e não param, me abraçam, pulam e nem veem o gol que acontece na partida, só gritam seguindo a sequência do eco que ressoa pela caixa de bombom, nesse momento de comemoração os Barra-Bravas me beijam, aiii que nojo! No intervalo Maradona entra em campo para uma volta olímpica, os torcedores jogam flores no gramado... Putz esqueci minha bandeira, que droga!

 

Próximo ao estádio fica Lo Caminito, ao som de Gardel os turistas comem churrasco! Eu que vou caminhando despretensiosamente pela calhe, sou puxado por uma portenha, ao som de La Cabeça, em um compasso só dela, vou sendo jogado de um lado pro outro, que nem marionete, me puxa pro peito, me joga pro chão, se contorce de um lado e joga pra cima de mim seu pernão, me rodopia, me deixa tonto, quase sem fôlego, quase sem La Cabeça e aos aplausos da multidão concluo minha primeira dança de tango... Melhor sair de fininho...

 

À noite, no centro, a casa rosada e o tribunal fazem o espetáculo das cores, na calhe Florida, centro de Compras de Buenos Aires, escuto alguma malcriação, viva, finalmente vou triunfar nesse lugar... Pera ai... Só brasileiros pela calhe... Que invasão! Fujo pra Recoleta, no cemitério em uma singela tumba, esta Eva Perón... Putz cheio de Brasileiros aqui também! Na charmosa Porto Madeiro e na Ponte das Mulheres também está lotada de Brasileiros, caramba! Deixa-me pensar no que fazer... Já sei: O filme um conto chinês... Vou para Bergamo, lá vou encontrar chineses... Não, centenas de brasileiros! Desisto... Esses portenhos malditos devem estar escondidos! Os brasileiros estão invadindo Buenos Aires, vem pra cá, na maioria das vezes pras baladas, ficam dias, até semanas curtindo a noite portenha, a galera vem azarar, realizar o sonho de beijar um estrangeiro, a maioria vem pra cá sem informação de nada, somente pras noitadas...

 

 No Pub Fidelis é onde a pegação acontece, todos os gringos vão pra lá, tudo começa depois das três da madruga, é quando a balada ferve, o famoso “toco e me voy”... É onde os portenhos gentilmente vão fazer o serviço com as brasileiras, safados! Extremamente ufanista vou ao Maluco Beleza, imagina o que toca lá... Puxa! É aqui que as portenhas vêm dançar com os brasileiros, vem com seu male-molejo, te devorando com os olhos, cheios de milonga, exóticas e sensuais vão te seduzindo... Ao som de Teló vou arriscando o forró do jeito que dá, ahhhh que tentação, sereias malditas..

.

Graças a deus é hora de partir, mas mês que vem eu ei de voltar, ficar mais uma semaninha, pra noite, pra conhecer o parque Japonês, ou das Rosas, o mercado de antiguidade de San Telmo... Não que eu tenha gostado, longe de mim... Mas sabe como é... Só pra sacanear...  Afinal somos inimigos até “Lá Muerte!”... Pelo menos é o que diz o narrador de televisão, e, ele sabe o que diz!

Marcelo Nogal

Buenos Aires dicas mochileiros

A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 3 DIAS

1º CAMINITO E SANTELMO

2º RECOLETA, PALERMO E BALADA

3º CENTRO E PT MADERO;

COMO CHEGUEI: AVIÃO DIRETO DE SÃO PAULO ATÉ O AEROPORTO EZEIZA, PEGUEI ÔNIBUS MUNICIPAL ATÉ O CENTRO DA CIDADE (3 PESOS -  QUASE 2 HORAS) ÔNIBUS FUINCIONA ATÉ À MEIA NOITE;

ONDE FIQUEI: HOSTEL CHE LAGARTO ; 

O QUE COMI: COMPREI PÃO, SALAME E ÁGUA NOS MERCADOS DA CIDADE - GASTAVA 10 REAIS POR DIA COM O RANGO;

COMO ME LOCOMOVI: CAMINHEI A PÉ POR TODA A CIDADE (MAS ELA POSSUI SERVIÇO DE METRÔ P/TODOS PONTOS TURÍSTICOS)

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI ÔNIBUS NOTURNO NA ESTAÇÃO RETIRO PARA PUERTO MADRYN - RUMO A PATAGÔNIA;

 

DICAS: CUIDADO NA HORA DE TROCAR SEUS REAIS NAS RUAS DA CAPITAL, PODE PERDER UMA

GRANDE QUANTIDADE DE DINHEIRO NO CÂMBIO; OS TAXISTAS PASSAM NOTAS FALSAS NO TROCO; 

bottom of page