Relato Flores
DAS 27 BANDEIRINHAS
Estávamos a caminho de Flores, na Guatemala... Na minivan eu, duas holandesas, um norte americano, um peruano e dois guatemaltecos. O Americano conversava com os nativos pedindo informações da cidade e costumes locais, as europeias dormiam, o peruano tinha dezenas de bandeiras em sua mochila, uma a menos que eu, fiquei curioso por saber suas experiências ao redor do mundo, mas logo me decepcionei, nem sempre viajar quer dizer evoluir, o peruano estava indo pra Flores, e, não tinha a menor ideia do que era Tikal!
Próximos de chegar à ilha, o motorista parou o veículo, deixando entrar um vendedor de uma agência turística, acordou as alaranjadas... É daí que começa a minha estória das "27 Bandeirinhas" de quando a experiência mochileira vale para alguma coisa, o vendedor chegou com uma enxurrada de informações, valores de passeios que ele oferecia para Tikal; o peruano perguntou do preço da passagem de ônibus para Guatemala City, disse o vendedor: "36 dólares!" O peruano duvidou do preço, causando uma discussão desnecessária dentro do carro, o vendedor disse: "Esse é o preço em toda ilha, se estiver duvidando vá pesquisar em outro lugar!" pela agência o valor do passeio à Tikal era de 20 dólares, com guia, incluso: observar os animais pela selva que cerca Tikal pela manhã. Paramos na agência e após toda discussão o peruano comprou a passagem para Guatemala City, para Tikal não, como não conhecia e não tinha ouvido falar do local não fazia questão de ir até lá! Foi assim minha conversa com ele sobre as bandeirinhas costuradas na mochila dele, decepcionante! Já os outros turistas compraram o pacote... Eu, os das "27 Bandeirinhas" foi o único que nada comprou!
Ao redor da ilha, surge uma nova cidade, diríamos uma grande favela chamada de Santa Helena e o motorista logo alertou: “Não saiam da Ilha, Santa Helena à noite é muito perigosa...” Atravessamos a ponte e chegamos à cidade turística colonial de Flores, uma pequena ilha charmosa e encantadora para turistas...
Casa de Câmbio não havia, trocar os dólares somente no Banco, e somente dólares! Na ilha tudo muito barato, hospedagem, refeições nos restaurantes, artesanato, para deixar um turista maravilhado.
Hora do mochileiro das “27 bandeirinhas” agir novamente, primeiro passo: procurar nas diversas agências da ilha os valores do pacote para Tikal e da passagem de ônibus para Guatemala City... O Melhor preço encontrado foi de 10 dólares, somente o ônibus ida e volta, sem guias e sem ver os animais pela na relva... Estava ótimo pra mim, o melhor preço de ônibus para Guatemala City foi de 26 dólares, perguntei: "De onde sai o bus?" "Do terminal de Santa Helena!" comecei a entender o porquê de Santa Helena ser perigosa! Encontrei o peruano novamente pela ilha, carregava a tiracolo uma prostituta toda atrapalhada e franzina... Entendi seu tipo de turismo, evidente que nunca saberá onde fica Tikal...
Pedi informação num Tuc-tuc: "Quanto você cobra pra me levar até o Terminal de Santa Helena?" "Dois dólares, senhor!" "Tudo isso! Fica pra onde?" "Tem que seguir essa avenida reta! Bem lá no final dela, se caminha um bocado e Santa Helena é perigosa!" agradeci pela valiosa informação e segui meu caminho a pé, já ia escurecendo, quando atravessava a ponte, ai que medo! Caminhei cerca de 30 minutos, se na ilha era tudo barato, aqui do lado perigoso, tudo custava incrivelmente a metade do preço e é aqui onde se concentrava o verdadeiro povo guatemalteco...
Comi milho, carne e outras cositas em Santa Helena, os nativos me olhavam com estranheza, como que se me dissessem com os olhos: "Seu lugar é na jaula, quer dizer: na ilha!" Cheguei ao terminal e encontrei a passagem para Guatemala City por 20 Dólares... Para um estilo de viagem mochileiro, consegui realizar uma baita economia.
No outro dia pela manhã, segui para Tikal, quase duas horas de minivan, na entrada do sítio arqueólogo te dão um mapa, nem precisa dizer, que é um dos lugares mais incríveis em que já visitei na minha vida, eu acho que já disse isso antes...
Me embrenhava no meio da relva, achava os animais por conta própria cruzando as estradas de terra, encontrava as ruínas, me divertia pelos quase 20 km de trilha que circundavam o sitio arqueológico Maia, enquanto os turistas estavam na Plaza Maior vendo os dois jaguares, eu os deixei por último, e, são fantásticos, muitos me perguntavam: "Qual é melhor Machu Picchu ou Tikal?" Não sei e talvez nunca saiba responder esta questão... Os dois locais são incríveis, cada qual com sua diversidade, mas se vier para Tikal não esqueça o repelente, porque os mosquitos da selva são sanguinários...
O ônibus saiu às 22hs com uma hora de atraso do Terminal, viajem maluca no meio do povão, sabe que nesses ônibus precários durmo melhor que nos turísticos convencionais, pela manhã às 5 chegava em Guatemala City, e mais uma vez a viagem ia necessitar de minhas habilidades "27 bandeirinhas"! Na capital cada empresa de ônibus tinha seu terminal particular, queria ir para Antígua, e, ao descer do ônibus chegaram os urubus. Taxistas querendo me levar para Antígua ou pelo menos até o terminal, mas nada disso! Recusava e eles ficavam irritados, não admitiam o meu não...
Sai daquele local, tinha que pensar rápido, avistei uma pousada, perguntei como chegar em Antígua me disseram para pegar um táxi até o terminal arbol... Agradeci pelas informações, mas não, nada de táxi, chegando a uma avenida principal avistei um coletivo local, com uma placa enorme "Terminal Arbol!" quase pulei na frente do ônibus para ele parar, deu certo, por 2Tks o coletivo me levou onde queria, mas não era um terminal como estava acostumado a frequentar, era um pontão de ônibus como o da Central do Brasil no Rio de Janeiro, que passavam vários coletivos, um deles escrito "Antígua!" por 9Tks em uma hora estava na tradicional cidade colonial espanhola rodeada de vulcões, mas esta é uma outra história
Marcelo Nogal




A MISSA DO MOCHILEIRO
QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS
(1º ILHA DE FLORES - 2º PARQUE TIKAL);
COMO CHEGUEI: MICRO ÔNIBUS DE BELIZE CITY (6HS DE VIAGEM);
ONDE FIQUEI: LOS AMIGOS HOSTEL
O QUE COMI: COMI EM RESTAURANTES FORA DA ILHA;
COMO ME LOCOMOVI: PESQUISE PELOS MELHORES PREÇOS PRA TE LEVAR PRA TIKAL - SÓ PAGUEI O ÔNIBUS ATÉ LÁ - NO PARQUE PAGUEI A ENTRADA E NÃO CONTRATEI GUIA, SAIU MAIS BARATO;
PRA ONDE FUI: PEGUEI ÔNIBUS NOTURNO PRA GUATEMALA CITY; O TERMINAL FICA LONGE DA ILHA
(UMA HORA DE CAMINHADA) OU A PÉ OU DE TÁXI!