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Relato Belize City

E EU QUE PENSEI... BELIZE CITY

 

Após atravessar a fronteira mexicana de Quintana Roo estava começando a me preparar para um país luxuoso, colônia britânica sabe como é né! Logo idealizava a capital de Belize asfaltada e organizada, várias garotinhas ruivas com a bochecha avermelhada, enfim um pedaço da Europa na América do Norte, mas me enganei drasticamente...

 

O valor do câmbio que era altíssimo, o dólar belizenho valia muito pra pouca coisa. Passando a fronteira à estrada era péssima, no interior de Belize, nas cidades que margeavam a estrada principal eu tinha sempre a impressão que estava passando por uma gigantesca fazenda abandonada, deixada há muito tempo pelos colonizadores, sem contar que a síndrome de Charlie Brow pairava pelo ar, nada de garotinhas ruivas... Essa foi uma das minhas maiores surpresas da viagem: 99% do povo belizenho é negro e os outros 1% são de imigrantes mexicanos...

 

Cheguei a Belize City e levei um susto, um choque cultural, miséria, miséria por todos os cantos, casas velhas de madeira, e, comércios cercados por grades. Nas escadarias da avenida principal, jovens e idosos maltrapilhos sem emprego, muito deles ficavam ali observando o movimento, uma cena constrangedora pra mim...

O inglês chegava aos meus ouvidos com um sotaque divertido e delicioso, as pessoas vinham e voltavam de bike pelas estreitas ruas da cidade, os rastafáris logo se aproximavam para conversar comigo, evidentemente queriam descolar um troco, eles tinham poucos dentes e fazia um bom tempo que não tomavam banho, na verdade, a cidade inteira parecia não gostar de uma ducha!

 

Um rasta perguntou se no meu país havia muitos negros, ou se eu tinha algum preconceito... É obvio que não, dizia, passei grandes momentos no pelourinho, ou nos pagodes em São Paulo no meio de negros e sempre curti muito estar lá... O caso é que em Belize City, eu sentia certa estranheza em ver 99% da população negra, que acabava se transformando em nostalgia filosófica, estava curtindo muito estar ali, poder refletir sobre as raças, a miséria humana e sobre as colonizações britânicas ao redor do mundo, mas também sentia certa apreensão, a cidade não parecia segura, eu sentia um forte clima de malandragem pelas ruas da cidade, aquele monte de gente desocupada me olhando sentado pelo chão, o andar, o gingado, o sorriso, sem contar as grades nas portas e janelas de todas as vendas que não estavam ali por acaso. Era bom o Charlie Brow ficar atento, para que nada ocorra...

 

A cidade ainda preservava arquitetura inglesa, as casas de madeira, as igrejas protestantes, todas mal conservadas, que não tinham lá suas belezas para mim, os turistas que aqui chegavam logo partiam às ilhas para mergulhos junto aos corais.

 

Pela primeira vez vi em um quarto de hotel uma bíblia. As vendinhas, ou lanchonetes pertenciam aos imigrantes mexicanos, ou seja: comida mexicana em Belize!

 

Bastava uma simples chuva de verão à tarde para encher de água as principais ruas da cidade, não havia saneamento básico, transporte público, nada de especial, só miséria... Um país abandonado pelos seus colonizadores, meio que um bagaço da laranja, sugada e deixada pra lá... Não sei muito dá história desse país, posso estar enganado, mas é o que sinto vendo a cidade em estado tão deplorável, o terminal rodoviário da principal cidade do país é patético, usaria o adjetivo “medonho” para defini-lo. E eu que pensei que a colonização britânica sempre foi primorosa, trágico engano meu... Igual aos espanhóis, portugueses... Ou pior!

 

Na hora da chuva, cai pra dentro de um Pub, parecia o bar do Moe dos Simpsons... Um senhor bem humorado chamado Parker era quem me divertia: xingando o mal tempo, cantando “La Cucaracha”, enquanto as baratas andavam pelo balcão do Pub, a Bar-woman, uma linda imigrante mexicana tentando ganhar a vida, tentava matar a barata com a espátula de fritar hambúrguer na chapa, ainda bem que o forasteiro tupiniquim tinha pedido apenas uma cerveja...

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO 

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (CAMINHANDO PELA CIDADE - CHOVEU MUITO);

 

COMO CHEGUEI: PEGUEI UM MICRO ÔNIBUS EM CHETUMAL NO MÉXICO (6HS DA MANHÃ); ATRAVESSEI A FRONTEIRA E AS 13HS ESTAVA NA CIDADE;

 

ONDE FIQUEI:  SMOKIN BALAM GUEST HOUSE - PAGUEI 20 DÓLARES BELIZENHOS;

 

O QUE COMI: COMIA TACOS E NACHOS EM BARRAQUINHAS NA QUEEN STREET (LANCHE COM REFRI  6 BELIZENHOS);

 

COMO ME LOCOMOVI: A PÉ POR TODA A CIDADE;

 

PRA ONDE FUI: PEGUEI UM MICRO ÔNIBUS (SAI QUANDO ENCHE - 6 HORAS DE VIAGEM) PARA FLORES NA

GUATEMALA;

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