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Relato Santa Cruz

CRUZANDO DE BIKE O RIO GRANDE DO NORTE

Santa Cruz e o retorno pra Natal – Parte 6

 

A cicloviagem de Currais Novos até Santa Cruz seria de 65 quilômetros, estava consultando a altimetria para este trecho e observei que o caminho teria várias subidas, já estava com o cansaço acumulado da viagem, então aquela informação me desanimou. Depois da primeira ladeira um litro de água já havia secado... Nesse trajeto, a paisagem do serrado não era tão interessante quanto a anterior, algumas subidas já fazia empurrando a bicicleta por não ter mais forças, o sol continuava castigando, potiguares que me viam penando naquela estrada, de moto me presenteavam com garrafas de refrigerante ou água ao longo do percurso. Quando avisto a minha direita a estátua de Santa Rita de Cassia, sei que finalmente estou chegando a Santa Cruz...

A construção de cimento com seus 56 metros de altura é a maior estátua católica do mundo. Para se ter uma ideia de sua imponência: o Cristo Redentor no Rio de Janeiro tem apenas 30 metros de altura, a estátua de Padre Cicero em Juazeiro tem 27 metros e a estátua de Liberdade sem a sua base tem 46 metros de altura...

Após encontrar uma pousada no centro da cidade, prefiro deixar a Rocinante por lá e seguir a pé para subir os degraus do imenso Santuário. Pelo caminho observo que as pessoas não ficam dentro de casa devido ao calor extremo, vejo senhorinhas sentadas em cadeiras de varanda coloridas, ficam na frente da casa observam o movimento. As portas e as janelas ficam todas abertas, e eu vou xeretando por entre elas: quadros antigos, santinhos, uma TV... Depois de cruzar um bairro bem humilde, chego a uma estrada de cimento que leva ao cume do Santuário, ela foi construída numa região desértica. Atletas da cidade corriam pela estrada até a imensa estátua. No final da subida visitei o santuário que continha vários pedidos a santa. Do lado algumas pessoas rezavam em uma paróquia. No alto do santuário tentava tirar uma self com a estátua de Santa Rita, o brilho do sol complicava minhas pretensões, para que eu e ela saíssemos juntos na mesma foto com a mesma iluminação. Descansei lá no mirante admirando o horizonte até chegar o pôr-do-sol, para então conseguir as melhores fotos do santuário.

Acordei bem cedo para mais uma jornada audaciosa, tentaria chegar ao Castelo Zé dos Montes, que fica na Serra da Tapuia, seriam vinte quilômetros de estrada de terra pelo sertão potiguar desconhecido. Esses fantásticos Nordestinos e seus castelos... Esses projetos utópicos me encantava.

A vista da estrada foi muito bonita, repletas de árvores típicas da caatinga. Sempre humilde, quando não conseguia subir pedalando, empurrava a Rocinante, para não me cansar demasiadamente. Pelo caminho passava por lindas formações rochosas da serra, como a Pedra de São Pedro, no finalzinho da estrada da Serra da Tapuia avistei o castelo, um dos mais malucos que já tinha visto em vida. Tentei tira uma foto, mas lá veio a decepção... A bateria da máquina fotográfica não tinha carregado corretamente durante a noite. Essa jornada teria apenas fotos com o celular e sem zoom. A foto que tirei do castelo era broxante!

Um senhor que morava em uma chácara ao redor, escutando os cachorros latindo com minha presença, veio até mim... Metade do cérebro dele de baixo do chapéu de cangaceiro estava afundado! Severino Perna Fina,  oitenta anos, me contou o infortuno: um chifre de um boi arisco quase tinha lhe tirado a vida... Após uma self com o tradicional sertanista potiguar, me despedi e segui para o castelo, mas uma nova decepção me ocorreu, o proprietário não estava na região e não teria ninguém para abrir o castelo para minha visita... Faz parte! O que me restava era retornar para Santa Cruz. Descer a serra, que agora era meu parque de diversões no sertão do Rio Grande do Norte.

Regressei à Ponta Negra, a viagem estava chegando ao fim. Uma última foto com o Morro do Careca, uma última pedalada até as Dunas Genipabu, atravessando o Parque das Dunas e a impressionante Ponte de Newton Navarro, olhar os arranha-céus e o Forte dos Reis Magos lá de cima da ponte era pura adrenalina, se a beira mar ventava muito, imagina sobre a ponte!

Fui até o quebra mar da rendinha para me despedir do Rio Grande do Norte! E a pergunta que me perseguia durante toda a cicloviagem, eu já tinha a resposta: “Não, eu não estou preparado pra essa viagem! Mas com minha determinação eu consegui mesmo assim!” Com a sensação de dever cumprido e todo saudoso por todas as emoções que tinha vivenciado naquelas semanas, desmontava minha bike, pensando nas próximas aventuras com a Rocinante pelo mundo!

Marcelo Nogal

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A MISSA DO MOCHILEIRO : SANTA CRUZ

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS

SANTUÁRIO SANTA RITA DE CASSIA

CASTELO ZÉ DOS MONTES

 

COMO CHEGUEI: CURRAIS NOVOS (65KMS DE BIKE);

ONDE FIQUEI: HOSPEDAGEM BEIRA ESTRADA; 

 

O QUE COMI:CHURRASCO;

COMO ME LOCOMOVI: DE BIKE;

 

PRA ONDE FUI: NATAL (100KMS)

A MISSA DO MOCHILEIRO : NATAL

 

QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS

DUNAS DE GENIPABU;

PARQUE DAS DUNAS;

 

COMO CHEGUEI: SANTA CRUZ (100 KMS DE BIKE);

ONDE FIQUEI: GET UP HOSTEL; 

 

O QUE COMI: COMERCIAL;

COMO ME LOCOMOVI: DE BIKE;

 

PRA ONDE FUI: VOO PRA SÃO PAULO;

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