Relato Amsterdã
O verdadeiro reino de Lost
O ônibus chegou mais cedo do que eu esperava, a duração da viagem de Paris à Amsterdam não passou de 6hs, e o preço era mais em conta do que o trem.
Cheguei num Domingo, tudo fechado às 6 da manhã, queria pegar o metrô para ir ao centro, mas passagem só pelo maquinário... Detalhe: Não tinha troco e a máquina não aceitava notas de 50 Euros! Estava preso no terminal, não sabia se a estação ficava próxima ao centro, se podia caminhar ou pegar um bondinho... Resolvi esperar alguma loja do Terminal abrir, trocar o dinheiro e seguir... 8hs e nada... Até que um generoso senhor de barbas ruivas trocou meu dinheiro!
O Metrô de Amsterdam era diferente, eu intitulava os vagões como grotescos, as estações eram escuras, de um trem a outro o intervalo de espera era longo, sem contar que o nome das estações eram difíceis de compreender! Desci na Estação Nieuwmark, a mais próxima do albergue (Stayokay Amsterdam Stadsdoelen), achava as ruas charmosas, as casas de cor marrom, umas grudadas as outras, com as fachadas simetricamente perfeitas, tirando os vendedores de droga perambulando pelas esquinas, a cidade dos países baixos era um charme, cheguei ao albergue... Um dos melhores que conheci, bem situado, excelente café da manhã, com uma vista deslumbrante da cidade e um de seus canais!
Agora era momento de descobrir a cidade, primeiro objetivo: Conhecer o museu de Anne Frank, mas chegar até lá não foi nada fácil, pela primeira vez me perdi com um mapa nas mãos... A cidade não foi construída num formato padrão geométrico que eu estava acostumado, aqui as ruas seguem os canais e o rio Amstel, tornando a cidade circular, e, como a cidade é grande quase não notamos a circunferência das ruas, o que me levava a se enganar na direção que seguia...
Pelo rio Amstel alguns passeavam de barco, acabei achando o museu de Van Gogh, e mudei de planos rapidamente... Fiquei encantado vendo os quadros deste gênio, sua obra, sua história, ver o bairro de Montmartre de Paris sendo retratado em suas pinturas e ter passado por aqueles lugares anteriormente, me dava uma sensação de estranheza... A rua e o cata-vento!
Enquanto as pessoas se divertiam no parque ao lado, continuei minha busca interminável, pela casa de Anne, mas logo me perdia again e acabava parando em outro lugar... O museu da maconha, Rijksmuseum, o terminal rodoviário, a praça Dam... Pedi para um senhor tirar uma foto minha na praça, e escutei rispidamente um: No photos! É isso que dá, viajar sozinho...
Já era noite e o jeito era deixar para o próximo dia a busca pela casa de Anne, então segui rumo ao distrito da Red Light... Essa foi fácil de encontrar! De repente vi um homem pelado correndo pela rua, quer dizer, quase pelado: Com chapéu de cowboy e botas. Estava em Amsterdam, né! Neste distrito, prostitutas dançavam quase nuas, em uma janela retangular mais ou menos do seu tamanho, iluminadas por uma luz avermelhada, mais pra rosa... Ao lado da janela uma porta e atrás dela a cama... Se você não resiste, combina o preço, entra, ela coloca a cortininha sobre a janela e... Bom divertimento! Aqui tudo é free... As drogas, a prostituição...
Sobre as garotas de programas, quase não encontro holandesas, a grande parte são Latino-Americanas, ou do Leste Europeu, que vieram para a Holanda tentar um futuro melhor... Nos Café, os menus são sugestivos: Mega Bob Marley, Super Jimmy, Light Joplin e por ai vai...
Nos pubs vários holandeses bêbados, que lembravam os contos do Barba Ruiva, muito rock ou dance, num frenesi de jovens andando pelas ruas para todos os lados... Cada vez mais gostava dessa cidade! Começa entender o sentido máximo de estar aqui: Se perder!
Era uma vez, Amsterdam, quer dizer outra vez, talvez por isso estava desmerecendo esta cidade europeia, mas o que seria um único dia... Seria um dia inesquecível? Pelo menos, na Índia, as meninas ficaram recordando por vários dias com pesar e saudosismo de Amsterdam, tinham mais saudade de um misero dia na Holanda do que de toda existência no Brasil, também não era para menos... Ahh o primeiro mundo! Elas diziam maravilhas dos belos holandeses, eu das belas dos cabelos alaranjados é claro, todos jovens e com elegância pedalavam pela cidade com suas bicicletas estilosas e olha que eram bastante, muitas mesmo, cruzando as pontes sobre o rio Amstel.
Esperávamos ver diversos enfeites natalinos iluminando as casas, mas faltando pouco menos de uma semana do Natal, não encontramos nada que nos trouxesse a lembrança de Noel, isso deve ser mesmo coisa do Tio Sam... Já o frio, ahh esse era para valer, o agasalho quase não dava conta e pra se esquentar só com um chocolate quente e próximo da cafeteria víamos as crianças patinando no gelo, um pouquinho mais ao lado, um mercadinho colorido de flores e suvenires, ao atravessar a rua, quase fui atropelado pelo bondinho, calma lá né...
Fomos tirar fotos ao lado do Museu Van Gogh com as famosas palavras “I’amsterdam”, como não tínhamos tempo, nada visitamos, ficamos circulando pelas ruas do centro observando às fachadas, a pichação, as igrejas, os canais e mais bicicletas no frio de doer...
Ao escurecer fomos à avenida vermelha, dávamos risada com os mijodromos em praças públicas e os imaginávamos em uma versão brasileira, mal sabíamos o que nos aguardava na índia, alguma vezes nos perdíamos, vimos uns cartões postais estranhos, rsrs, mas naquele exato momento estávamos preocupados com outra coisa, era hora de peregrinar pelos pubs da cidade e tentar aliviar toda tensão provocada pelos momentos anteriores à viagem, e, provar as cervejas locais, momento boêmio, no primeiro pub comemos uma porção de meats... Era deliciosa: Um bolinho de carne com requinte holandês.
Depois tivemos que mudar de pub, porque acabamos com toda a porção, em outro pub todo chique, provamos sopa, carne assada na chapa com molho de espinafre, que as garotas disseram ser a melhor de suas vidas, pudera, lamberam até a panela, em outro pub, todo decorado em vermelho, do lado de um gato preto preguiçoso que dormia, provamos uma breja book da região ao som de blues holandês e na companhia de uma garçonete lindíssima, e, lá fora chovia, lembram do frio? Pois é, imaginem o frio na madrugada com chuva
Marcelo Nogal







A MISSA DO MOCHILEIRO
QUANTO TEMPO FIQUEI: 2 DIAS (CAMINHANDO PELA CIDADE E VISITANDO OS MUSEUS);
* VAN GOGH
COMO CHEGUEI: ÔNIBUS DE PARIS; EUROLINES - DEPOIS METRÔ ATÉ O CENTRO;
ONDE FIQUEI: HOSTEL AMSTERDAM STADSDOELEN - 24 EUROS
O QUE COMI: COMPREI ALIMENTOS NO MERCADO;
COMO ME LOCOMOVI: CAMINHEI POR TODA A CIDADE;
PRA ONDE FUI: PEGUEI UM ÔNIBUS NOTURNO PARA PRAGA (14 HS DE VIAGEM);